Pensamos que esta visão pode concretizar-se por meio de uma política de vistos mais aberta do que a actual ou talvez mesmo pelo «passaporte lusófono» defendido pelo M.I.L., o Movimento Internacional Lusófono, formado por pensadores independentes, por cidadãos de todos os países lusófonos. Nesse sentido, será importante que os nossos diferentes povos estimulem os respectivos governantes a aprofundar esta «cidadania lusófona» ainda que, no caso português, à custa de alguma euro-cidadania. Mesmo sem chegar a extremos como o de Mário Soares, quando disse que estavamos “na Europa para lhes sacar os subsídios”, está cada vez mais claro que o casamento com a Europa é mais de conveniência que de “amor”.
Acredito que o mandato de Angola na presidência da CPLP, que ora se inicia, constitui uma excelente e talvez irrepetível oportunidade para fazer avançar o projecto duma «cidadania lusófona», quaisquer que sejam as fómulas que os compromissos da política venham a ditar como possíveis. Haja, para tanto, «solidariedade na diversidade» e uma visão política de horizontes largos.
Parece-me que um passo decisivo para esta construção será a eleição directa, pelos cidadãos dos nossos povos, dos deputados do novo «Parlamento da CPLP 1». Enquanto a CPLP não adoptar uma prática da-base-para-o-topo, dificilmente se poderá afirmar no mundo e ter consequências práticas positivas na vida das pessoas. Talvez uma CPLP mais forte possa inclusivamente constituir uma forte âncora da Paz nas democracias emergentes como Angola quando, cumprindo-se a lei da política ou a lei da vida, os seus líderes históricos ou carismáticos houverem de ser substituídos ao leme.
Sabemos bem que muitos e variados argumentos de natureza social, económica ou cultural, mais técnicos ou mais emocionais, podem ser invocados a favor da consolidação da CPLP. Mas será bom que, nas minúcias de análise a que se entregam as comissões e comitivas “especializadas”, não se esqueçam o superior interesse dos nossos povos irmãos, traduzido nesta ideia central: pela Paz, para a Liberdade e o Desenvolvimento.
Porque a ideia da Paz 2… até uma criança a entende.
Luís Botelho Ribeiro
Benguela, 2 de Agosto de 2010
Notas:
1 Se tal vier a acontecer, bom seria também que encontrássemos ou, talvez melhor, recuperássemos um nome mais significativo e fácil de pronunciar que esta série de consoantes que mais parece uma palavra moldava: CPLP
2 Curiosamente, a bandeira portuguesa que as caravelas trouxeram era branca. Isso mesmo, branca – da cor da Paz!
Publicado em: http://cidadaniapt.blogspot.com/2010/08/cplpaz.html
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