Como todo mundo me emocionei e me indignei com o novo “Caso Samudio” que a Imprensa noticia a todo momento e de todas as formas.
Como todo mundo ,também quero” exorcisar” o Mal,quero vê-lo longe do meu território,quero livrar-me do causador ,encarcerando-o para sempre.
Mas,todo crime,toda transgressão ,toda quebra do tecido social tem muitos aspectos.
Neste caso vem aflorando nitidamente o preconceito,sempre escondido e muito bem embrulhado,por ser,ele próprio,um desvio da sociedade.
Por isso nunca freqüenta reuniões sociais ,só aflora à boca pequena nos tititis nos cabeleleiros e bares da moda e na Internet.
Tenho ouvido e percebido o que se fala veladamente da Elisa,a moça sacrificada.
O escritor é um fotógrafo social e tem o dever de perceber,ler nas entrelinhas e analisar as tendências.
Comentários machistas procuram justificar o crime.Senhoras pias que freqüentam as igrejas,mães de família que até podem estar criando elisas sem o saber,homens apaixonados por futebol ou hipócritas de carteirinha (afinal são eles que produzem as elisas) andam falando ou insinuando sutilmente que ela teve o que merecia;afinal era uma prostituta,uma Maria – chuteira querendo se dar bem,uma atriz pornô que protagoniza aqueles filminhos que o senhor,Seu José,assiste nas madrugadas solitárias enquanto sua santa esposa dorme o sono dos anjos.
Isto me incomoda: a violência, o preconceito, o poder de julgar e destruir uma vida, barbaramente, hediondamente, apenas por ser uma vida transgressora, marginal, diferente daquelas vidas com as quais nossa sociedade não está acostumada a conviver, mas, está acostumada a produzir.
se existem prostitutas,atrizes pornôs e oportunistas é porque o nosso sistema as cria e chafurda nesse esterco social que determina até pela posição econômica quem deve ser escória e quem deve ser certinha.
A mesma sociedade que ajuda a promover bandidos a heróis,que paga centenas de milhares de dólares a indivíduos despreparados para a fama e riqueza mesmo sabendo que seu passado aparecerá pois somos seres biográficos,um dia ,aqueles genes aparecerão e até vamos deixando rastros pelo caminho como esse infeliz do Bruno,antes festejado,hoje execrado,mas,que já deixava vestígios de suas tendências violentas,ignoradas pela polícia,quando a Elisa pediu proteção.
Um assassinato não surge do nada; percorre um longo caminho desde a agressão verbal,um tapinha que a canção diz que não dói,os desentendimentos freqüentes em casa ,tudo isso somado à arrogância,ao orgulho e à sensação de impunidade de quem se acha acima do bem e do mal.
Que planeja,mata e quando tudo termina senta para tomar cerveja e falar de futebol;que,na própria delegacia faz planos para a Copa de 2014.
Àvida leitora de romances policiais desde menina quase que aposto que nessa estória cruel o buraco é mais embaixo;não pode ter causado tanta violência apenas uma investigação de paternidade;não seriam mobilizados tantos psicopatas e assassinos apenas por causa de um bebê e uma mísera pensão.Para mim,Elisa morreu porque sabia demais;viu o que não era para ver.
Esse crime, pela maneira que foi cometido,pelos participantes ,parece queima de arquivo,crime de tráfico.
Me corrijam se estiver errada.
Acorda,polícia!
IMG:Dos jornais
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