Em entrevista à Agência Lusa em Luanda, onde se encontra a acompanhar a visita oficial de Cavaco Silva e a preparar a Cimeira de chefes de estado e de governo da CPLP que vai ter lugar na sexta-feira, e na qual Portugal passa para Angola a presidência da organização, Luís Amado sublinhou que a questão do pedido de adesão da Guiné-Equatorial “vai ser tratado com naturalidade e bom senso”.
Para o chefe da diplomacia portuguesa, "não é difícil perceber as razões pelas quais um país com as especificidades históricas e geopolíticas da Guiné-Equatorial procura aproximar-se de uma organização como a CPLP".
O MNE português disse existirem do lado da Guiné-Equatorial “razões próprias”, que compreende, como a sua singularidade histórica, cultural, linguística e geopolítica, que devem “ser tidas em conta”, mas que não devem “condicionar” as opções “que necessariamente vão ter que ser assumidas em conjunto, por unanimidade” na Cimeira.
Luís Amado lembrou que o país já tem o estatuto de observador e formalizou um pedido de adesão à CPLP: “Achamos que é um processo natural, é essa a vida das organizações.”
No entanto, prosseguiu, “há diferentes sensibilidades e veremos, desde logo a nível ministerial, e depois na Cimeira de Chefes de Estado e de Governo, se necessário, como é que se pode, harmonizar as diferentes perspectivas e sensibilidades sobre este tema”.
Na opinão de Amado, não se trata de "um tema dramático", separando o que é um pedido de adesão e uma adesão formal: "Há tratamentos diferentes, há `timings´ diferentes e procedimentos diferentes que devem ser assumidos e não encaro, como eventualmente se tem perspectivado em alguns círculos, com particular dificuldade”, sustentou.
Luís Amado defendeu que, se se olhar para as organizações regionais, estes, definiu, "são processos normais”.
“Não vamos dramatizar um processo que é um processo normal da relação das organizações internacionais com os estados que delas se aproximam, com diferentes estatutos e diferentes circunstancialismos históricos, culturais e económicos. Não é um problema dramático”, reafirmou.
Sobre as ausências dos Presidentes do Brasil e de Timor-Leste, Luís Amado relativizou-as lembrando que “há sempre dificuldades de agenda e é “perfeitamente natural que haja sempre, em cada cimeira, a ausência de um ou de outro chefe de estado”.
Para o chefe da diplomacia portuguesa, “o que é importante é reconhecer a importância grande que, quer Timor-Leste quer o Brasil, atribuem às suas relações com esta organização”.
Sobre as críticas que surgem sobre a CPLP e o seu alegado impasse na sua consolidação, Amado responde dizendo que “a riqueza da organização para todos os estados membros é relevante do ponto de vista do desafio que é hoje a globalização”.
E a riqueza da organização “resulta do facto de nós termos numa realidade relativamente pequena, oito estados, mas que representam as principais regiões de um mundo multipolar em gestão e essa riqueza é reconhecida por todos”, afirmou.
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Fonte: Notícias Lusófonas
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