MIL: Movimento Internacional Lusófono | Nova Águia
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"Trata-se, actualmente, de poder começar a fabricar uma comunidade dos países de língua portuguesa"
Nenhuma direita se salvará se não for de esquerda no social e no económico; o mesmo para a esquerda, se não for de direita no histórico e no metafísico (in Caderno Três, inédito)
A direita me considera como da esquerda; esta como sendo eu inclinado à direita; o centro me tem por inexistente. Devo estar certo (in Cortina 1, inédito)
Agostinho da Silva
11 comentários:
«Seria preferível Cavaco fazer cair o governo já?
Não, não deve haver eleições. Ou o Presidente promove agora um governo de base maioritária, ou só o pode fazer depois das presidenciais. Preferia já. Um governo em que o PS tivesse a maioria e depois o PSD e CDS-PP. Até devia estar o PCP.»
É mesmo caso para dizer, que o ódio alarve por Santana Lopes é um grande sintoma da incultura política dos portugueses e do poder dos media...
«Espera mais medidas de austeridade?
É uma possibilidade muito forte. Repito: o Presidente devia promover um governo de salvação nacional.
Sem Sócrates?
De preferência, mas falando com todos os partidos.»
Etc! A entrevista política mais importante dos últimos meses.
«Parece não querer Passos Coelho como primeiro-ministro...
Não estou a pensar em nada disso. Prefiro que governe o meu partido. Tem melhor programa, melhores projectos, embora hoje não se conheça bem o programa do PS, que governa sempre à direita do PSD. Está tudo trocado.»
Sem dúvida, Santana Lopes continua a ser o político português que mais admiro.
Quanto à questão crucial para o MIL:
«Espera então por uma alternativa a Cavaco?
Pelas informações que vou tendo, acho que isso pode acontecer. E enquanto eleitor esta posição de Cavaco Silva fez-me repensar o meu apoio.»
Mais um candidato à Direita... e teremos Fernando Nobre na segunda volta - disto não duvido.
E podem ter a certeza que Santana Lopes está a entender na perfeição como a candidatura de Fernando Nobre está a dar um significado incomum ao momento político que o país atravessa. Santana Lopes é um dos políticos mais argutos (apesar de tanto cabeça de esterco o querer fazer passar por idiota junto da opinião pública) - ora reparem:
«Mas se sair um candidato de um partido, isso não é bom.
Então de onde? Da sociedade civil?
Em nome de um partido não.»
:)...
O problema do Santana é que há sempre um pormenor que estraga tudo: então é ele que ataca o Cavaco por causa de uma questão de costumes?!
Quanto ao mais, ele até tem razão. Digo-o sem relutância, porque nunca fui anti-santanista primário. Limito-me a constatar que ele teve a sua oportunidade e falhou. Por culpa dos "media", também. Mas, desde logo, por culpa própria - dele e dos seus mais próximos...
Eu acho que é mais fundo que isso, é uma outra interpretação do Direito e do Estado - Santana até é a favor da adopção por casais homossexuais.
Diria que é quase uma questão de «Direito Canónico» para Santana e uma certa Direita (e a do Santana não é decerto a de um fundamentalismo religioso) - é no mínimo, uma dimensão teológica, se é que não se poderia invocar o Direito Natural... Duas pessoas do mesmo sexo não acasalam...
Mas, motivos à parte, politicamente o que importa - e sabemos bem o que é a política - é que a Direita mais consistente se começa a afastar de Cavaco...
Ou o Fernando Nobre se rodeia de um staff capaz de pensar, ou não vai ter «jogo de cintura» para um dos mais complexos debates ideológicos que alguma vez antecederam umas eleições...
P. S. Espero que o «não acasalam» não venha a ser mal interpretado pelos idiotas do costume.
Muito rápido, que agora vou ter que sair:
1. Se essa é, como defendes, a perspectiva do Santana, então ainda menos se percebe a sua colagem à direita religiosa. Cheira a oportunismo por todos os lados...
2.Que a direita mais consistente se está a descolar do Cavaco, concordo. Aliás, a colagem sempre foi meramente circunstancial. Não havia outro melhor...
Não sei se é colagem, mas será pelo menos um piscar de olhos.
Questões de direito à parte... politicamente o casamento homossexual é o assalto a um «bastião» da heterossexualidade, a partir de um conservadorismo judeo-cristão dos próprios homossexuais - porquê um casal? um casamento? porquê o par edénico?
Poderia haver alternativas... uma comunidade homossexual epicurista a viver em quintas e a exigir o reconhecimento legal de um laço afectivo «orgíaco»... :)
A verdade é que vivemos num país moralmente pobrezito, e os homossexuais não são excepção - até as sapatonas que atacam o Papa são judeo-cristãs até à medula... :)
Quanto à posição do Santana seria a tentativa de conservar um estatuto civil diferente para o casamento religiosamente reconhecido - uma «armadilha» complexa para o estado laico...
Politicamente, o que é importante, é que começa a haver um sector importante da Direita a divergir de Cavaco. Santana representa um sector importante.
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