Esboço para um Exame de Consciência
[Conversa ao Pé do Fogo]
“Deus nos deu dois ouvidos e uma boca,
para sabermos ouvir mais e falar menos”
P. Antônio Vieira
Por que não ouves?!
A autoridade da Igreja pode errar, porque é humano.
Mas precisa sempre dar testemunho da luz que brilha na sua Igreja.
Estou mais preocupado com a vida, do que com a hierarquia.
A Hierarquia deveria estar mais Preocupada com a vida, do que com ela mesma.
Luciano Reis
I
PREÂMBULO- SEM MONOPÓLIOS
1. Na década de 60, tive nas mãos, e ainda guardo, um impressionante documento: “Exame de Consciência da Igreja do Silêncio”. Agora insisto na necessidade de um “Exame de Consciência da Igreja do Barulho”, onde o barulho, às vezes é mais constrangedor e mais incômodo do que o silêncio opressivo. A Igreja é ainda uma grande reserva moral da humanidade. Sempre será. Precisamos Restaurar a força de sua Mensagem.
No entanto, a Igreja está perdendo o diálogo e o discurso, em meio a certos resquícios de arrogância localizada, no momento em que o mundo mais precisa de sua credibilidade.
A humanidade precisa desta âncora firme. As pessoas não podem fazer a Igreja perder um milímetro de credibilidade por incompetência, ou inapetência de diálogo, ou por falsos silogismos e débeis conspirações.
Precisamos ir ao fundo das questões e tomar atitudes dignas das Igrejas e da Humanidade. A Igreja está perdendo o diálogo e o discurso, em meio a certos resquícios de arrogância localizada.
Acreditamos que o fulcro da questão é conceitual e só depois é prático.
A Igreja precisa se restaurar, a cada Páscoa, a cada dia. Precisa recuperar a sua juventude, sempre. A Igreja verdadeira nunca envelhece. Liberêmo-la dos adereços que lhe tolhem o vigor e escondem a luz.
As doenças superam-se, resolvendo as causas e, não as conseqüências.
2. Terminei este texto no dia 1º de Abril, 5ª Feira Santa. Nesse dia o enviei para diversas autoridades, solicitando algum parecer. O resultado dessa distribuição restrita do texto trouxe um rico diálogo, com um padre jesuíta de Portugal, um missionário de alma e coração. O diálogo via e-mail foi em caráter pessoal, por isso não tenho direito para o publicar e de divulgar o nome do autor. Publicamos as respostas que demos ao comentário, no final, do texto.
No último comentário recebi um reforço comovido:
Muito bons textos, amigo, cheios de história e de sabedoria…
São bem necessários nos tempos de ignorância que atravessamos…
Força! Ânimo!...
Abraço amigo pascal!
Ass._____
(O texto foi retocado após os comentários).
Este é um simples texto de opinião e neste nível deve ser considerado.
A questão que está na base é a sórdida “polêmica da pedofilia”. Mas esta é uma questão menor, neste ensaio.
Busco refletir sobre as dinâmicas das engrenagens da Igreja e as forças humanistas que ela congrega e que ela representa, num mundo plural. É preciso saber liberar a luz e o calor que existem dentro da Instituição. É preciso não se apequenar.
Posiciono-me como numa conversa informal ao pé do fogo, em noite de frio, de irmão para irmão, sem estrado e sem cerimônia.
Devo insistir que quero apenas dar a minha opinião, leal, mas firme, num momento de crise. Ofereço apenas uma eventual ajuda para as pessoas fazerem um profundo exame de consciência sobre as próprias atitudes: para fazerem a lição de casa.
O Papa, os Cardeais e os Bispos não estão dispensados de fazer o próprio exame de consciência. Não estão além do Bem e do Mal. No entanto, hoje, em todos os setores da atividade humana, há pessoas tão arrogantes, que se julgam além do bem e do mal, devido ao poder eventual a que foram guindados, às vezes por pesadas artimanhas.
3. Precisamos nos cuidar para que as interpelações que Cristo fez aos escrivas e fariseus hipócritas não se apliquem ao Papa e aos Bispos. Releia e confira.
Se somos uma família, sentâmo-nos à mesma mesa, e escutâmo-nos uns aos outros. Frente a frente.
É preciso saber que hierarquia é responsabilidade. É serviço. Non ministrari sed ministrare. Esta norma vale para todos os gestores de bens públicos.
Deus não deu a ninguém o Monopólio da Verdade. A ninguém!
Só uma inconcebível arrogância poderia pensar diferente.
A verdade vai sendo compartilhada. Então todos podemos errar e em conseqüência devemos reconhecer as falhas e corrigi-las.
No entanto há outros modos de olhar a crise atual: “Há males que vêm para o Bem”, diz o povo.
Estou com o Pe. Antônio Vieira, ao declarar:
“Quantas vezes os que pareceram acasos, foram Conselhos Altíssimos da Providência Divina!”.
Do caos às vezes nasce a Luz.
Não podemos perder a oportunidade que o momento nos oferece de repensar algumas pendências antigas que emperram a Instituição e a expõem ao desdém de muitos.
Os cristãos católicos precisam reforçar os motivos de serem cristãos e católicos, pois isto lhes faz muito bem e lhes dá mais esperança na vida.
O Novo tempo começa dentro de nós, na terra, por isso rezamos: “Venha a nós o vosso reino”.
Os cristãos precisam se reunir, em torno da Mensagem do Evangelho, uma Mensagem de Luz para o Mundo.
II
MAIS MENSAGEM, MENOS RITUAL
4. Este é o espírito deste ensaio, no contexto desta polêmica insidiosa que desabou sobre a sociedade neste mês de março de 2010, parece atingir seu ápice nesta Semana Santa.
Em vez de culparmos uns e outros, precisamos repensar as ideias que adotamos, em relação à vida e à sociedade, na qual pensamos ser fermento e luz. Que LUZ?
É preciso superar um certo ritualismo que deixa, em segundo plano, o essencial da Mensagem do Evangelho. O que nunca poderia acontecer. É preciso reagir.
Às vezes o ritualismo e os trajes imperiais ofuscam a Mensagem. Privilegiam o espetáculo visual...
Todos precisamos recompor nossos conceitos, neste mundo plural e multipolar, ao qual a Igreja precisa saber se adaptar, de cabeça erguida e sem arrogância; sem pedestal e sem trajes imperiais.
O nosso mundo ressente-se de uma condição precária, em gente capaz de pôr de pé uma estrutura argumentativa. Vence mais quem fala mais alto e não quem tem a razão.
A Igreja Cristã não é uma Igreja Medrosa, nem uma Igreja do medo. O medo supõe opressão. Também não é uma Igreja de frustrações e tristezas. É a Igreja da Esperança, do júbilo, da solidariedade fraterna. O cristianismo é religião da verdade e não da humilhação.
É a Igreja do perdão, mas não é a Igreja da omissão ou da cumplicidade.
“Suaviter et fortiter” é a pedagogia recomendada.
5. Parece que o Frei Bartolomeu dos Mártires tinha razão ao proclamar, em Roma, aos Cardeais: “A Igreja precisa de uma Eminentíssima Reforma”.
Precisamos procurar entender por que uma pequena questão, localizada, abala, ameaça e compromete a credibilidade da mais antiga instituição da humanidade. A quem serve e porque se expande, como tufão ou como uma avalanche, a campanha difamatória, daí orquestrada, pelos meios de comunicação?!
“Dormientibus non sucurrit jus”. A justiça não socorre quem não se defende.
Se alguém perguntar quais as minhas credenciais, eu direi que sou um cristão, cientista da linguagem e preocupado com o futuro da humanidade. Sou um humanista.
Elaborei o Movimento “Pacto Humanístico Mundial”, e por ele luto.
Quem quiser pode aqui expor os próprios comentários.
Leia. Comente. Compartilhe suas ideias, democraticamente.
Lembre-se:
“Os gestores da Igreja podem errar.São Humanos.
Mas precisam sempre saber dar testemunho da Luz
que brilha no seu coração e na Igreja”.
Para saber mais (clique):
http://alfa8omega.blogspot.com
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