Ainda bem que começam a acordar. A tarde já se faz tarde.
Ontem mesmo, falou mais uma voz. Cuidado. Refiro-me a Luís Nobre Guedes, ex-vice presidente do PP, ex-ministro. Uma vénia à sua subtilíssima e florentiníssima inteligência: seja dito que dessas coisas tem sido o nosso país bastante bem servido. Luís Nobre Guedes, em entrevista ao Diário Económico, considerou (diz o jornalista, não vejo que o diga ele) que Portugal "precisa de um governo de salvação nacional". Com PS, PSD e CDS (estarei a notar a falta de alguém?)
Excelência: desde que o senhor duque da Terceira entrou em Lisboa, pela tarde de 24 de Julho de 1833, que o meu país vive, basicamente, de governos de "salvação nacional"; já vimos muita coisa, e começamos a ficar cansados; já lá vão quase duzentos anos. Duzentos anos de coligações, de uniões, de salvações, de chefes, de únicos, de vários. De nenhum. De nada. Com reis (ou apesar dos reis) e sem eles; com repúblicas - ou apesar delas. Por isso, Excelência, diga-nos coisas mais simples, mais reais, mais concretas: diga-nos ao que vem o governo de que nos fala. Aonde quer levar o povo que nao tem voz.
E não use palavras grandes, daquelas em que se põe maiúscula. As palavras grandes gastaram-se (renová-las-emos, sabe? os poetas não estão cansados). Não nos diga só que ser centrista é ser moderado, e ouvir todos. Não acreditaremos se nos disserem que ganharam juizo. Um governo tem um programa, e esse programa é a favor de uns, e contra outros. A história do leão que dorme com o cordeiro é muito mais antiga do que 1833. E nem se adequa à nossa época: como sabe, os mercados não dormem. Os ladrões não dormem. E os pobres têm o sono leve, eles que nunca entraram na história.
Ah, e a 8 de Abril vá ao cinema. Há-de haver um perto de si, a menos que viva no Tua.
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