Dois meses depois de ter anunciado a sua candidatura a Belém, Fernando Nobre garante que está na corrida eleitoral ‘para vencer’. A contagem decrescente para as presidenciais já começou e por isso, em entrevista ao SAPO, não poupou críticas um dos possíveis adversários na corrida eleitoral: Cavaco Silva.
Crítico da situação de ‘desgoverno’ a que o país chegou, Fernando Nobre não recusa as responsabilidades do Governo socialista na actual situação do país, mas culpa sobretudo Cavaco Silva: ‘é Presidente da República há quatro anos e deixa Portugal bem pior do que quando começou’.
‘Estamos numa situação em que o normal funcionamento do Estado não está a funcionar e isso também por culpa do senhor Presidente da República’, defende Nobre, avançando até com um exemplo: ‘termos tido eleições separadas prejudicou o calendário de Estado’ no que toca, por exemplo, à aprovação do Orçamento de Estado.
Belém e São Bento
Se, durante quatro anos, Belém e São Bento apregoaram a necessidade de uma cooperação estratégica entre ambos, diz Fernando Nobre que essa cooperação ‘se degradou’, ainda que seja suposto que ambos ‘trabalhem em sinergia’. Uma vez mais, Nobre aponta o dedo a Cavaco Silva, por se ter deixado envolver no debate partidário.
‘O presidente tem de ser efectivamente supra-partidário. Se eu fosse jogador do Benfica ou do Sporting durante 20 anos, e depois passo a árbitro, não vou ser objectivo. São fenómenos humanos’, disse Nobre.
A polémica em torno das alegadas escutas a Belém serve de exemplo? O candidato presidencial concorda: ‘Se o o PR tinha a certeza que estava a ser escutado pelo PM só podia fazer uma coisa que quera demitir o PM – com desconfiança no topo do Estado não há governação possível. Se não tinha a certeza, tinha de ficar silencioso’.
Vaklav, Alegre e Cavaco
Com a visita de Cavaco Silva à República Checa ainda viva na memória, Fernando Nobre critica também a actuação do chefe de Estado por não ter reagido aos comentários feitos pelo seu homólogo checo Václav Klaus: ‘o Presidente checo fez considerações ofensivas sobre a economia portuguesa. Eu não permitiria a nenhum dos meus homólogos falar mal do meu país’, defendeu Nobre.
Apesar da marcação cerrada a Cavaco, Fernando Nobre guarda também ‘farpas’ para Manuel Alegre, que deverá formalizar a sua candidatura à Presidência da República no final do mês.
Para o candidato, se há culpas a atribuir pelo actual rumo do país, elas devem ser repartidas pelos dois ‘putativos candidatos’. Afinal de contas, diz Nobre: ‘Alegre e Cavaco estão na política há mais anos do que eu. Têm mais responsabilidades do que eu’.
1 comentário:
«O presidente tem de ser efectivamente supra-partidário. Se eu fosse jogador do Benfica ou do Sporting durante 20 anos, e depois passo a árbitro, não vou ser objectivo.»
Um excelente, e incontestável, argumento a favor da restauração da Monarquia.
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