Parágrafo 2: Meramente opinativo e emocional; eu não me revejo na afirmação de Vasco Lourenço – a menos que aceitasse que a instauração de um regime comunista com o golpe militar de 25 de Abril tivesse sido uma boa solução para o país, numa Europa em que o comunismo estava já com os dias contados...
Parágrafos 3 e 4: Um relance superficial do que a anti-política é; de qualquer modo é inaceitável querer transformá-la em filosofia política que pretende a proibição dos partidos e o fim da democracia – pasmo! – por intermédio de golpes militares (instauradores de ditaduras?).
Parágrafo 5: O autor é livre de aplicar à situação do país as ideias que muito bem entenda, porém obriga-se a respeitar as mesmas. O conceito de «Estado exíguo» é um conceito de Adriano Moreira, cujo contexto geoestratégico se aplica à (e deriva da) política externa e não dos meandros governativos domésticos (perder o Império era inevitável, bem como aderir à Comunidade Europeia) – conceito de grande interesse político, com o qual, não obstante, não concordo inteiramente (com a perda do Império e a adesão à Comunidade Europeia, Portugal não encolheu; ficou de um tamanho que nunca havia conhecido antes na sua História: a mítica do «Minho a Timor» foi substituída por um tabuleiro geoestratégico que começa nos Mares do Norte e se estende ao mundo por inteiro – isto procurarei, em texto posterior, desenvolver e justificar).
Parágrafo 6: É evidente que Portugal não vai bem, e há cansaço das instituições, do eleitorado, crise e partidocracia, mas um governo minoritário não é instável, é um sinal maior do exercício da democracia: os governos minoritários são forçados a acordos parlamentares; o acordo, o diálogo,o compromisso, o debate são os instrumentos maiores do parlamentarismo e da democracia. Só os povos sobre os quais a mítica fascista e a hipnose carismática das multidões ainda imperam gostam de maiorias absolutas, e as concedem.
Parágrafo 7: «Nos momentos de crise e convulsão profundas, deveriam ser as Forças Armadas a tomar nas mãos o destino da Nação.» (?!) O destino de Portugal pertence aos Portugueses, civis e militares (aliás, a condição militar nas sociedades contemporâneas europeias mais evoluidas mais não é que um modo da cidadania – civil –, que, nalguns países, tem até direito ao associativismo sindical). Em situações de crise (convulsão, é exagero) devem os militares, como todos os cidadãos, encontrar uma (melhor) solução política. Um golpe militar não é uma solução para nenhuma crise, é sim um acentuar da mesma, e mais, o maior sintoma de crise. Se a isso chegássemos poderíamos então falar de convulsão – indesejável, traumática e um retrocesso político, que seria a destruição do prestígio de Portugal na Europa e no mundo e um fosso de onde não sairíamos, sem antes passarmos por misérias maiores.
O artigo do senhor Tenente Coronel João José Brandão Ferreira parecendo crítico, mais não é que um parente próximo do artigo do senhor General, mas mais grave, porque o extrapola e o exagera a uma espécie de «clima de golpe de estado iminente»...
[A continuar...]
Jesus Carlos
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