Muitos adágios populares chegaram até nós em forma de trovas; nada de espantar, sendo a trova a mais primitiva e perfeita expressão da alma portuguesa. Esses ditos populares continham conselhos ou críticas de situações pouco ortodoxas, em voga na antiga sociedade e, comuns até hoje.
Moça satisfeita com o bom rumo que tomava os seus amores cantava:
Toda a vida desejei
O meu amor, Manoel...
Agora, tenho-o á mão:
Caiu-me a sopa no mel!
Um bom conselho para se casar cedo (ou dar estado) ás raparigas, exprimia-se nesses versos, que continham uma certa sabedoria:
Ó meu pai, casa-me logo,
Enquanto sou rapariga:
O milho plantado tarde
Nunca produz boa espiga.
Esta é para quem está desolado por haver perdido um amor:
A maré quando enche e vaza,
Deixa a terra descoberta...
Vai-se um amor e vem outro;
Nunca vi coisa tão certa.
Esta, louvando a esperança, é brasileira e nordestina, com certeza:
Menina da saia verde
De verde cor da esperança;
Teu desdém não me amofina:
Quem espera sempre alcança.
Outra, brasileira, de Pernambuco:
O direito do anzol
É ser torto e ter barbela,
O direito do rapaz
É casar com uma donzela.
Essa crítica de costumes é ótima:
Toda desgraça do homem
É falar fino e esmorecer,
Larga a muié e mora perto,
Prá todo dia ela ver.
Outra, certeira como uma flecha, tem origem no Nordeste:
O homem que bebe e joga,
Mulher que erra uma vez...
Cachorro que pega bode,
Coitadinhos deles três!...
Não podiam faltar as sogras:
Sogro e sogra
Milho e feijão
Só dá resultado
Debaixo do chão.
E, para terminar, o mais sábio de todos os dizeres:
Duvido haver como este
Um ditado mais profundo:
Dinheiro e mulher bonita
É quem governa este mundo.
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