A miscigenação, nossa diversidade étnica, a confluência de diferentes culturas, tudo conspirou para criar um carnaval com estilo próprio, como é o carnaval de Salvador.
Por ser uma cidade negra, por excelência, os blocos afros, os mais belos do mundo, trouxeram para as ruas o colorido, o ritmo, os batuques misteriosos e a música áspera, gritante, compassada dos nossos ancestrais.
Dessa mistura nasceu o Olodum, cuja percussão é mundialmente respeitada, os Filhos de Gandhy, com seus 8500 homens, trazendo um tapete branco para a avenida, espargindo água de cheiro e trazendo a paz; o Ilê Aiyê, de intraduzível beleza, que entra nas ruas cantando:
Branco se você soubesse
O valor que o negro tem,
Tomava banho de piche
Prá ficar negro também!
Podemos citar a banda Didá, composta só de mulheres, que enchem de encantos e magia, uma cidade que já é mágica pela própria natureza.
Salvador inventou o Trio Elétrico, atrás do qual só não vai quem já morreu, lançou as musas do carnaval Ivete Sangalo e Daniela Mercury e, ainda assimilou do português, nosso avozinho, as marchinhas irreverentes e o Zé Pereira.
Ao contrário do Rio, Salvador tem um carnaval democrático; todos dançam, todos pulam, bebem, beijam, divertem-se seja nos blocos ou na pipoca, como são chamados os foliões avulsos.
Os camarotes, luxuosíssimos, elitizaram um pouco a festa, mas, servem de proteção àqueles que querem ver tudo, mas, não querem se atirar no meio da multidão.
O certo é que todos brincam ao som do “rebolation”, a novidade desse ano e o “vale-night”, criação aprovada e aplaudida pelos maridos e comprometidos; ganham das suas caras -metades o direito de se esbaldar na rua até o sol raiar, pois todas nós sabemos que não só é proibido proibir, como o amor de carnaval desaparece na fumaça, como diz a música e, o cidadão (ou cidadã) arrependido volta pró reduto, feliz e aliviado.
A gente sabe que lavou tá novo!
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