Provavelmente, uma regionalização do País será inevitável. Não tem, necessariamente, que ser má opção administrativa. Pode ser uma boa oportunidade para reforçar a tradição municipalista portuguesa, repensar os governos civis, modernizar Portugal e combater quer o caciquismo local quer o dinossáurico centralismo do Estado – e colocar todas as regiões de Portugal em pé de igualdade, repito, todas, com o mesmo padrão conceptual administrativo: regiões. Regiões, basta.
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"Trata-se, actualmente, de poder começar a fabricar uma comunidade dos países de língua portuguesa"
Nenhuma direita se salvará se não for de esquerda no social e no económico; o mesmo para a esquerda, se não for de direita no histórico e no metafísico (in Caderno Três, inédito)
A direita me considera como da esquerda; esta como sendo eu inclinado à direita; o centro me tem por inexistente. Devo estar certo (in Cortina 1, inédito)
Agostinho da Silvaquinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
Ainda sobre a Madeira...
Provavelmente, uma regionalização do País será inevitável. Não tem, necessariamente, que ser má opção administrativa. Pode ser uma boa oportunidade para reforçar a tradição municipalista portuguesa, repensar os governos civis, modernizar Portugal e combater quer o caciquismo local quer o dinossáurico centralismo do Estado – e colocar todas as regiões de Portugal em pé de igualdade, repito, todas, com o mesmo padrão conceptual administrativo: regiões. Regiões, basta.
8 comentários:
"A cidade de Roterdão cultiva para com a de Amsterdão uma rivalidade semelhante à que professa em Portugal a cidade do Porto pela cidade de Lisboa. Tudo quanto se faz de novo em Amsterdão contrafaz-se, perfaz-se, refaz-se ou desfaz-se por emulação, por contradição ou por imitação em Roterdão".
Isto escreveu a sátira, sagaz pena de Ramalho Ortigão, no ano de 1883, num livro sobre viagens na Holanda.
Este parágrafo ainda é actual. Infelizmente, só no que toca a Portugal. Na Holanda, segundo o Guia de uma tour que fiz pelo sul desse admirável país que se fez a si próprio, segundo ele, dizia, o facto de se ter mudado a capital para Amsterdão foi acompanhado do translado de todos e qualquer vestígio de institucionalidade, edifícios incluídos, para Roterdão, cidade hoje conhecida como a Nova Manhattan. Assim Amsterdão despojou-se da austeridade e pode-se dar ao luxo, à luxúria e ao famoso fumegante bel-prazer.
Na Alemanha, segundo um tipo de Frankfurt que conheci a bordo do Transiberianio, também se dividiram os males pelas aldeias - e cada aldeia converteu-se em cidade. A saber, a Berlim a Cultura, a Düsseldorf a Economia, a Hamburgo o Mar, a Franfurt a Aviação, a Munich a Agricultura.
Ninguém mete o nariz onde não é chamado. Cada um ocupa-se de si próprio, assume-se como auto-estado, sem comprometer, nos resultados, o sentido do colectivo - em última instância, da Nação.
Cada um sabe de si, cultiva, aprofunda, o saber de si, até ficar obcecado com o seu rendimento, e despreocupado com os arrabaldes alheios.
Pobre de um país em que Lisboa (tal como Paris) monopolize tudo e mais alguma coisa e deixe o Porto com as sobras e os demais nas sombras. Pobre península, pois a vizinha Espanha não vai muito melhor e enfermiza-se com a bipolaridade Madrid/Barcelona (a liga BBVA é sintomática).
"E colocar todas as regiões de Portugal em pé de igualdade"
É isso mesmo. Parabéns klatuu...
"Pé de igualdade" sem destruir as naturais e genéticas (ou geográficas) diferenças que as individualizem; senao acabaremos por trocar os pés pelas maos - e vai daí, vinga o Império do Igualitarismo.
Ainda que (refiro-me ao comentário do Vitor) na Alemanha as coisas tenham que ser vistas de outra forma: algumas dessas cidades foram capitais de Estados independentes até há menos de duzentos anos.
Eu não sei se o futebol trará aqui uma distorção (nada sei de futebol), mas parece-me que sabemos - os que não viajaram e não são 'intelectuais' - mais facilmente dizer o nome de dez cidades italianas do que dez cidades francesas. E acho que a diferença está no mesmo, a recente unificação da Itália.
Quanto à nossa 'regionalização', não espero muito dela; os governos civis parecem-me inúteis: eram importantes nos tempos da diligência e do telégrafo, são apenas um representante 'local' do Governo (do Ministério do Interior ou da Administração Interna como se diz agora). Além de autorizarem manifestações (!) e fiscalizarem concursos (!!), nem sei que competências têm.
Claro que, como diz o Casimiro, pesam as razões históricas e também as dimensões geográficas de cada país. A história e a geografia são, de facto, as primeiras e as últimas nuances do "conhecimento comum". (Quem não domina estas duas disciplinas, está ao nível do Sexta-Feira).
Quanto ao número de cidades que conhecemos em Itália e em França, vai com a história (lá está, a história) de cada um. No meu caso, para quem criar um campeonato de futebol através de resultados feitos com dados, coincidiu com o meu primeiro diário, sei de nomes de cidades proporcional ao que sei de clubes.
Esse senhor é a prova viva de que os porcos são seres sencientes.
JAJAJAJAJAJA!!!
Vejo pelos comentários que a Madeira do Alberto João é um tema fracturante... a que as catástrofes só abrem mais brechas.
Sorte que o Carnaval passou...
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