Quatro classes na tradicional foto da escola primária
O ano de 1969 foi um grande marco na minha vida. Não porque o primeiro ser humano pisou na Lua, mas porque comecei a freqüentar a escola. Isto para os filhos de "colonos", como ainda hoje se chamam os descendentes de imigrantes alemães no Sul do Brasil, significava aprender a falar português. Finalmente havia chegado a oportunidade de me igualar com minha amiga de infância, Marilene, filha do dono da "venda", que havia aprendido o idioma com os irmãos mais velhos e pelo contato com os brosilióner (Brasilianer, brasileiros), que freqüentavam o armazém.
Nasci em Batinga, um lugarejo de 120 famílias, quase todas de ascendência alemã. Os 19 quilômetros da estrada até a sede do município de Brochier ainda hoje são de chão batido, como quase todo o interior do Rio Grande do Sul. Nosso contato com o resto do mundo se dava através do rádio e do leiteiro, que ao passar todos os dias para recolher o leite trazia o jornal (do dia anterior) e encomendas especiais. Meu avô, o único assinante naquelas bandas, não se importava com o atraso. Lá, o mundo de qualquer forma girava muito mais devagar.
Muito não se precisava de fora, pois havia por exemplo ferraria, moinho, carpintaria e serraria no local, além disso todos eram mestres em auto-suficiência e improvisação no reaproveitamento de materiais. Já dentista e barbeiro atendiam com certa regularidade no salão de baile.
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