A Globalização tem permitido notáveis progressos da Humanidade em termos técnicos e científicos que ainda não estão ao alcance de todos os povos do mundo. Na realidade, este fenómeno de interdependência internacional tem gerado e aprofundado, na actualidade, inúmeros desequilíbrios económico-sociais nas relações internacionais entre os países desenvolvidos e os países em vias de desenvolvimento. Foi com base no reconhecimento desta verdade que a 8 de Setembro de 2000 nas Nações Unidas se reuniram Chefes de Estado de 189 países que assinaram a Declaração do Milénio para que fossem implementados oito grandes objectivos mundiais até 2015:
“(…)
Erradicar a pobreza e a fome
Alcançar a educação primária universal
Promover a igualdade entre os géneros e a autonomia da mulher
Reduzir a mortalidade infantil
Melhorar a saúde materna
Combater o VIH/SIDA, a malária e outras doenças
Assegurar a sustentabilidade ambiental
Desenvolver uma parceria global para o Desenvolvimento
(…)”
Estiveram subjacentes a este acordo internacional valores humanistas incontornáveis que as nefastas malhas da tecnocracia dos países desenvolvidos não parecem querer ajudar a fomentar.
Na verdade, a concretização destes nobres objectivos humanitários passa pelo activo envolvimento dos cidadãos em ONG’s, pela vontade política dos Governos dos países desenvolvidos e pela mobilização subsidiária em movimentos de intervenção cívica internacional, de que o Movimento Internacional Lusófono é um excelente exemplo pelas acções em curso. Na medida em que os Governos Ocidentais têm andado imersos na crise económico-financeira aberta pelo “capitalismo de casino”…
Este mega Plano de Acção (ODM) da comunidade internacional efectiva-se mediante projectos variados de ajuda humanitária às populações mais desfavorecidas do planeta, em regiões como o Sudoeste Asiático, a América Latina e a África que podem através das ONG’s salvar a consecução destes Objectivos do Milénio em tão curto prazo. A OIKOS, Organização de Cooperação e Desenvolvimento, tem assumido uma relevante intervenção na África Lusófona, em especial em Moçambique onde a influência anglófona se tem feito sentir intensamente desde os tempos coloniais.
É, pois, imperioso o exercício da nossa cidadania lusófona no sentido de pressionarmos os Governos do Brasil, de Angola e de Portugal, pois sendo países mais favorecidos ou, no mínimo, com mais recursos naturais, no quadro do mundo lusófono têm a ingente obrigação moral de solidariedade neste espaço para com os “países-irmãos” mais despojados da prosperidade e de exercerem pressão na comunidade internacional, designadamente na Organização Mundial de Comércio, no sentido de que as regras do comércio mundial se compadeçam mais com os padrões da justiça social internacional.
No fundo, Portugal tem responsabilidades éticas acrescidas, uma vez que no entendimento profundo de Jaime Cortesão a pátria Lusitana foi um importante agente histórico do humanismo universalista à escala planetária, de pressionar os países da União Europeia para que se cumpram efectivamente os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio no espaço lusófono.
Nuno Sotto Mayor Ferrão
1 comentário:
Há ainda, de facto, muito a fazer, mas esse é o caminho...
Abraço MIL
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