O grande Homem que foi o cidadão e o escritor Miguel Torga, deixou-nos no dia 17 de Janeiro de 1995, fez ontem quinze anos de saudade.
Como, em virtude do fim-de-semana, me encontrava num local onde a Internet não funciona, aqui estou hoje, 18 de Janeiro, a render-lhe a minha humilde homenagem, com a transcrição de o único poema, escrito neste dia, nos dezasseis volumes que constituem o seu fabuloso Diário.
Coimbra, 18 de Janeiro de 1949
PEQUENA HISTÓRIA DE UM MITO
O pregador da vida, quando começou,
Queria nascer também.
E o que pregou,
Pregou bem.
Porque além das quimeras que pregava,
Mostrava
Frutos e flores em cada mão.
E o povo gostava,
E acreditava nele e no sermão.
Mas o tempo passou,
O pregador cresceu,
E a sua fé murchou,
E o seu amor morreu.
O pregador da vida já não tem fiéis.
Na sua velha igreja abandonada
Não há mais nada
Senão capitéis
Onde a seiva parou petrificada.
Miguel Torga, Diário IV, 3ª edição, Coimbra, p. 153.
Publicado na NOVA ÁGUIA: http://novaaguia.blogspot.com/2010/01/ainda-em-memoria-de-miguel-torga.html
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