26 de Janeiro de 1949 : as primeiras eleições em Israel
No dia 26 de Janeiro de 1949 realizaram-se em Israel, as primeiras eleições para a Assembleia Constituinte.
Depois de 70% dos votos contados, deu as seguintes percentagens:
Mapai (Partido de Ben Gurion) – 35%
Mapam (Partido Trabalhista Unificado da Esquerda) – 14%
Bloco Religioso Unificado – 14,1%
Ala Direita do Heruth – 9,2%
Partido Democrata Progressista – 4,6%
Partido Comunista – 2,6%
Esclareça-se que o Partido Mapai, a que pertencem Bem Gurion, chefe do Governo Provisório, e Moshe Shertock, ministro dos Estrangeiros se caracteriza por um trabalhismo construtivo.
Relativamente ao Partido Mapam, politicamente mais para a esquerda, é formado por intelectuais e por pioneiros que criaram as famosas colónias israelitas da Palestina.
Os grandes vencidos destas eleições são os partidos extremistas, já que o Partido Comunista, por exemplo, não terá mais do que quatro ou cinco representantes entre os 120 parlamentares, e Friedman Yellini, que se encontra actualmente na prisão à espera de comparecer perante o tribunal, como chefe do Stern, será provavelmente o representante deste grupo no Parlamento.
Estes resultados apenas indicavam as percentagens, uma vez que, por razões de segurança, o Governo israelita não queria, indicando o número de votantes, revelar a importância das Forças Armadas.
Entretanto, um informador do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Itália, informou que este país reconheceu «de facto» o novo Estado de Israel, passando assim para 24 os países que o fizeram.
O reconhecimento de Israel por os citados 24 países fez-se do seguinte modo: oito reconheceram-no de «facto», quatro «de jure» e os restantes de forma indefinida.
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DIÁRIO DO ESCRITOR
26 de Janeiro de 1949 – Está provado que não nasci para falar a doutores. Um dos meus professores viu direito quando, no meu exame de admissão ao estágio, lamentou que a minha linguagem nem sempre fosse a mais conveniente. O princípio do mal está em mim, que sou saloio por dentro; saloio, não: cabreiro. E depois deu asas a isto o facto de eu me ter feito homem entre camponeses e pescadores e ter tido sempre o cuidado de falar como eles, para estarmos todos à vontade. Ao par do que aí fica, acontece que venho de lavradores, jardineiros e comerciantes; tudo gente de cepa honrada mas agreste. O que não quer dizer que a cepa seja de não dar flor: tenho um primo que guarda ovelhas e as beija e as trata como a suas irmãs; um São Francisco em bruto. (…)
Sebastião da Gama, Diário, Lisboa, s/d, pp. 43-44.
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