Presumo que foi tudo muito bem planeado. Começou por ser designada de Operação Komodo, com contornos políticos e dissimuladamente ofensiva. Mas o objectivo era a invasão de Timor-Leste.
Nas ilhas indonésias vizinhas de Timor havia, e há, tendências separatistas latentes. Com a revolução de Abril de 1974, findo o período imperialista português, a Indonésia começou por pedir a Portugal que não se retirasse de Timor-Leste, sugerindo a criação de uma zona económica franca, para que a metade oriental do arquipélago beneficiasse com isso e para evitar uma escalada de desestabilização nas ilhas vizinhas. Mas a sua carta fora do baralho já estava a ser preparada.
Terminou como Operação Nenúfar (em indonésio: Operasi Seroja). Justificaram a sua vinda dizendo que os timorenses lhes tinham pedido ajuda, que o objectivo era combater os comunistas, que a operação era, sobretudo, obra de voluntários anticomunistas apoiantes da UDT e da APODETI e, portanto, vinham em auxílio do povo.
Cumpre-nos recordar, pois nunca é demais repetir, que a 7 de Dezembro de 1975, com o beneplácito de um país chamado Estados Unidos da América, a Indonésia invadiu Timor-Leste – onde, em desespero de causa, a FRETILIN acabara de proclamar unilateralmente a independência. Algum tempo depois surge o movimento FALINTIL (Forças Armadas de Libertação Nacional de Timor-Leste).
(...)»
Borges, António José, "Timor - As Rugas da Beleza", Garça Editores, 2006, pp. 83-84
2 comentários:
Neste caso, António, não temos moral para acusar os Estados Unidos da América. O "beneplácito" veio antes - e bem de dentro...
Ainda assim, bem lembrado!
Abraço MIL
Não digo que não, Renato, como muita gente sabe que sim. Mas era escusada aquela invasão e ocupação.
Abraço MIL
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