MIL: Movimento Internacional Lusófono | Nova Águia
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra).
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa).
Desde 2008, "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português".
Colecção Nova Águia: https://www.zefiro.pt/category/zefiro-nova-aguia
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"Trata-se, actualmente, de poder começar a fabricar uma comunidade dos países de língua portuguesa"
Nenhuma direita se salvará se não for de esquerda no social e no económico; o mesmo para a esquerda, se não for de direita no histórico e no metafísico (in Caderno Três, inédito)
A direita me considera como da esquerda; esta como sendo eu inclinado à direita; o centro me tem por inexistente. Devo estar certo (in Cortina 1, inédito)
Agostinho da Silvaterça-feira, 21 de janeiro de 2025
segunda-feira, 20 de janeiro de 2025
Novo Livro MIL: de António Braz Teixeira (nos seus 88 anos): "A Filosofia da Saudade", 2ª edição, revista e aumentada...
ISBN: 978-989-35748-3-6
Nascido em 1936, António Braz Teixeira é, actualmente, como nós próprios já tivemos a oportunidade de salientar, “o maior hermeneuta vivo do nosso universo filosófico e cultural, não só português mas, mais amplamente, lusófono” (in Jornal de Letras, Artes e Ideias, 1-15 de Dezembro de 2021, p. 29). Tendo cunhado o conceito de “razão atlântica” – para, precisamente, sinalizar o chão comum do pensamento filosófico luso-brasileiro –, ele próprio, como também já tivemos a oportunidade de escrever, esclareceu entretanto “que esse era um conceito, em grande medida, ‘ultrapassado’; e que, hoje, mais do que de uma ‘razão atlântica’ (circunscrita ao espaço luso-brasileiro ou, quanto muito, luso-galaico-brasileiro), se deve falar, cada vez mais, de uma ‘razão lusófona’, senão mesmo de uma ‘filosofia lusófona’, porque aberta a todo o pensamento expresso em língua portuguesa, por muito que esse pensamento mais filosófico ainda não tenha realmente desabrochado em todo o espaço lusófono” (in António Braz Teixeira: Obra e Pensamento, coordenação de Celeste Natário, Jorge Cunha e Renato Epifânio, Porto, Faculdade de Letras da Universidade do Porto/ Bairro dos Livros, 2018, p. 547). Tese que, paradigmaticamente, subjaz a uma das mais recentes obras – A saudade na poesia lusófona africana e outros estudos sobre a saudade (Ed. MIL, 2021) –, onde, a propósito da expressão poética da saudade na poesia lusófona africana, mostra bem o quanto está nela ínsita uma filosofia, como já acontece, de forma clara, no pensamento português, galego e brasileiro.
Eis o que a recente reedição
da sua obra “A Filosofia da Saudade” (Ed. MIL, 2024) vem, em boa hora, uma vez
mais comprovar. Quase vinte anos a sua primeira edição (2006), esta obra – que
é já um clássico nos estudos sobre a tematização da saudade no espaço
luso-galaico-brasileiro – foi entretanto substancialmente revista e actualizada,
integrando as abordagens mais recentes dessa temática, muitas das quais
expressas em primeira instância nos Colóquios Luso-Galaicos sobre a Saudade/
Encontros de Filosofia e Cultura Luso-Galaica, que se têm realizado, de dois em
anos, por iniciativa do Instituto de Filosofia Luso-Brasileira, a que António
Braz Teixeira preside desde 2016. Por tudo isso, nós próprios profetizámos, na Abertura da mais
recente edição desses Colóquios (Setembro de 2024), que um dia estes assumiriam
expressamente o nome deste nosso insigne filósofo, do mesmo modo que os
Colóquios de Filosofia Luso-Brasileira promovidos igualmente pelo Instituto de
Filosofia Luso-Brasileira assumem o nome de Tobias Barreto (quando se realizam
em Portugal) e de Antero de Quental (quando se realizam no Brasil). Um dia
teremos, pois, os Colóquios Luso-Galaicos sobre a Saudade/ Encontros António
Braz Teixeira de Filosofia e Cultura Luso-Galaica, o que será uma assaz justa
homenagem àquele que, no último meio século, mais e melhor tem promovido essa
ponte filosófico-cultural com a Galiza, a par da ponte filosófico-cultural com
o Brasil e os restantes países lusófonos.
domingo, 19 de janeiro de 2025
Nos 30 anos do seu falecimento: "Visões de Agostinho da Silva: de Portugal à Lusofonia", edição revista e aumentada...
ISBN: 978-972-8958-26-8
Para encomendar: info@movimentolusofono.org
Colecção Nova Águia: https://www.zefiro.pt/category/filosofia-nova-aguia
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Ainda disponíveis: "Obras Escolhidas de Manuel Ferreira Patrício"
Agostinho da Silva, primeiro inspirador da CPLP...
A crise dos “media” e a vitória de Trump
Sobretudo em Portugal, mas não
apenas, é recorrente falar-se das crise dos “media” – em particular, dos
jornais, mas também das estações de televisão e de rádio. De tal modo que se
chega a exigir o apoio do Estado, na premissa de que os “media” são essenciais
para o bom funcionamento da nossa democracia.
Para nossa perplexidade,
raramente ouvimos os “media” a questionarem-se porque estão de facto em crise –
mais concretamente, porque cada vez mais gente não recorre aos “media”
habituais para se informar sobre o país e o mundo.
A recente vitória de Donald Trump
nas eleições presidenciais nos Estados Unidos da América poderia ser um bom
ponto de partida para esse pertinente e necessário questionamento. Semana após
semana, mês após mês, os “media” em Portugal anteciparam a derrota de Trump. Na
véspera das eleições, ouvimos até alguém vaticinar, numa televisão “de
referência”, que Kamala Harris iria ganhar com “grande vantagem”.
Poderia ser mas não será, como já
se esperava. Ninguém fez “mea culpa” pelos seus vaticínios e, já no rescaldo
das eleições, alguém, noutra televisão “de referência”, garantia que Trump
havia ganho as eleições porque o seu eleitorado “vivia numa bolha”. Excelente
explicação: cerca de oitenta milhões de norte-americanos vivem numa bolha! Se,
ao menos, tivessem seguido a cobertura das eleições pelos “media” em Portugal…
Como é cada vez menos
indisfarçável, quem vive cada vez mais numa “bolha” são os nossos “media”. E,
por isso, sobretudo quanto aos temas internacionais, cada vez menos gente
recorre aos “media” portugueses. Falamos por nós: se tivéssemos seguindo as
eleições norte-americanas apenas pelos nossos “media”, jamais poderíamos ter
previsto os resultados que se verificaram. Como não foi de todo o caso, não
ficámos minimamente surpreendidos. Como, de resto, já acontecera muitas vezes
no passado, noutras eleições para além das nossas fronteiras.
Como, porém, a explicação que se
tem dado é que foram os eleitores norte-americanos que se enganaram – não, de
todo, os “media” em Portugal –, nada irá decerto mudar. Em próximas eleições,
teremos o mesmo coro de jornalistas e/ ou comentadores a dizerem exactamente o
mesmo que disseram a respeito destas. E depois ficam muito espantados com o
facto de cada vez menos gente os ouvir. É no que dá viver numa “bolha”:
confundimos o mundo com a nossa própria sombra…
Renato Epifânio
sábado, 18 de janeiro de 2025
Timor-Leste - Eleições municipais poderão começar a partir de 2027
O primeiro-ministro timorense disse que foi aprovado o calendário para estabelecer o poder local no país e que as eleições municipais devem realizar-se a partir de 2027, mas apenas nos municípios que estiverem preparados. “O Conselho de Ministros aprovou na quarta-feira uma resolução que estabelece um calendário para a preparação das eleições para as autoridades locais”, afirmou Xanana Gusmão aos jornalistas no final do encontro semanal com o Presidente timorense, José Ramos-Horta
O chefe do executivo timorense explicou que as eleições municipais não serão feitas ao mesmo tempo em todos os municípios, mas apenas naqueles que possuem “estrutura com capacidade técnica e conhecimento adequado para cumprir corretamente as regras”.
Xanana Gusmão disse que em março vai iniciar visitas aos municípios do país para começar a fazer uma análise sobre quais estão preparados. “O Governo pretende realizar entre 2025 e 2026 uma preparação cuidadosa para que em 2027 se possa iniciar a realização das eleições para as autoridades locais em algumas localidades. Este processo vai continuar em 2028”, salientou o primeiro-ministro.
O Conselho de Ministros aprovou quarta-feira uma resolução apresentada pelo ministro da Administração Estatal, Tomás Cabral, para a execução da “Estratégia de Descentralização Administrativa e de Instalação dos Órgãos Representativos do Poder Local 2025-2028”.
A resolução estabelece planos anuais, para este ano e até 2028, que “incluem a instalação de serviços de Balcão Único em todo o território nacional, o fortalecimento institucional das autoridades municipais, a regulamentação das leis relacionadas com o poder local e a atualização da base de dados do recenseamento eleitoral”, pode ler-se no comunicado do Conselho de Ministros. “Em etapas subsequentes será promovida a criação de condições para a realização de eleições municipais, a capacitação de autarcas eleitos e a avaliação do progresso da descentralização”, acrescenta o Conselho de Ministros. In “Ponto Final” - Macau
Cinquenta anos depois, é tempo, de facto, de pedir desculpas
Cinquenta anos depois da nossa
descolonização dita “exemplar”, é de facto, tempo, mais do que tempo, de pedir
enfim desculpas – como tanto têm reclamado os detractores da nossa história.
Por uma vez, esses detractores,
em cada vez maior número, têm razão: temos a obrigação de pedir desculpas por
uma descolonização tão “exemplarmente má”.
E não estamos a falar em
particular dos chamados, mal chamados, “retornados” – muitos deles nascidos em
África e que, de um momento para o outro, se viram obrigados, em muitos casos
apenas por terem um tom de pele mais claro, a regressar a um país que mal ou
nada conheciam.
Sabemos que muitos deles não
gostarão de ouvir o que se segue, mas di-lo-emos na mesma: se o seu sacrifício
fosse o sacrifício necessário para que os países donde vieram prosperassem,
então poderíamos, no limite, considerar que esse tinha sido um sacrifício
“aceitável”, por mais que “tragicamente aceitável”.
Na verdade, porém, não foi nada
disso que se passou. Com a expulsão dos chamados, mal chamados, “retornados”,
esses países ficaram altamente depauperados a nível de mão-de-obra qualificada,
o que desde logo inviabilizou qualquer miragem de real prosperidade. Para além
disso, a prometida “libertação” nem chegou a ser sequer uma miragem. Basta
dizer que, sem excepção, todos os novos regimes políticos que então emergiram
foram regimes de partido único.
Cinquenta anos depois de todo
esse processo, é de facto, tempo, mais do que tempo, de pedir enfim desculpas.
Nós pedimos: a todos os chamados, mal chamados, “retornados” e, sobretudo, a
todos os povos irmãos lusófonos, cuja prometida “libertação” foi realmente uma
farsa, como, cinquenta anos depois, ainda é visível. Aluda-se apenas, para o atestar,
ao que se tem passado, nestes últimos tempos, em Moçambique.
Renato Epifânio