António Gil Hernández professor, escritor e sociolinguista, com uma ampla produção sobre a língua e a literatura da Galiza realizada nas últimas quatro décadas, é o novo presidente da Academia Galega da Língua Portuguesa (AGLP)
Numa reunião extraordinária do Pleno da instituição, celebrada em Compostela, foi eleita a nova Comissão Executiva da AGLP para os próximos quatro anos. Está conformada pelas seguintes pessoas:
- Presidência: António Gil Hernández
- Vice-Presidência 1ª: Concha Roussia
- Vice-Presidência 2ª: Rudesindo Soutelo
- Tesouraria: Ângelo Cristóvão Angueira
- Secretaria: Pedro Emilio Casteleiro López
- Vice-Secretaria: Maria Seoane Dovigo
- Arquivo e Biblioteca: Joám Trilho Pérez
- Vogais: Antia Cortizas Leira e Mário Herrero Valeiro.
A AGLP começou o seu andamento em 2008. O seu primeiro presidente foi Martinho Montero Santalha, professor da Universidade de Vigo, quem serviu no cargo 8 anos, até 2016. Depois, entre o 2016 e até este mês, desempenhou a presidência Rudesindo Soutelo, também professor e compositor de música.
António Gil Hernández é assim o terceiro presidente da AGLP, que este ano está a celebrar o 15º aniversário, com atividades em diversas vilas e cidades da Galiza. Gil Hernández nasceu em Valhadolid em 1941. Vindo para a Galiza em 1968, o seu interesse pela língua da Galiza foi originado na Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de Santiago de Compostela, onde se licenciou em 1973. Em 1990 integrou, com José Luís Fontenla Rodrigues, a Delegação da Comissão Galega do Acordo Ortográfico na reunião internacional celebrada em Lisboa para um Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, acordo assinado em 12 de outubro de 1990 na capital portuguesa. Essa presença da representação galega está recolhida no número 123 do Diário da República, de Portugal, de data 28 de agosto de 1991.
Desde 1978 António Gil residiu na Corunha, onde ministrou por 12 anos aulas no Colégio Universitário da cidade, adscrito naquela altura à referida Universidade compostelana. Na Corunha foi também docente pioneiro na incorporação do galego ao ensino não universitário, no centro público de ensino secundário Salvador de Madariaga.
Desde a década de 1970-1980 tem uma ampla produção científica e literária. Os trabalhos a respeito da língua e da literatura da Galiza, defendendo a Língua Comum partilhada hoje na Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), intensificou-se a partir da segunda metade dessa década, e continua: ainda no passado mês de junho aconteceu o lançamento do seu último livro, Johán Vicente Viqueira. João Vicente Biqueira (1924-2024). Poemas e Ensaios, na sequência de uma homenagem de reconhecimento à sua trajetória que promoveu a AGLP na Bandeira (Silheda) e que contou com o apoio da Câmara Municipal de Silheda, representada pela presidenta e a relatora de Cultura, e a Asociación Cultural Rosalia de Castro.
Os contributos de António Gil Hernández atingem os campos da Linguística, Sociolinguística, Glotopolítica, Estudos Literários, Comentário de Textos Literários, Literatura Comparada e Crítica Literária, além de Produção Literária própria no âmbito da poesia, difundida em livros, publicações especializadas, além de em diversas revistas e jornais.
Está entre os pioneiros do movimento reintegracionista da Galiza, tendo sido membro e iniciador da Associaçom Galega da Língua, da Associação de Amizade Galiza-Portugal, das Irmandades da Fala de Galiza e Portugal, da Comissão Galega do Acordo Ortográfico, e da Associação Sócio-Pedagógica da Galiza e Portugal, além da AGLP. Também pertenceu à Sociedad Española de Lingüística. Em março de 2006 celebrou-se na Faculdade de Ciências Políticas da Universidade de Santiago o III Seminário de Políticas Linguísticas, subordinado ao tema “25 anos de atividade cívica, investigação e discussão sobre a língua nacional: o contributo de António Gil”, em que se valorizou a sua produção e trajetória.
Dentre os artigos e livros de teor científico e pedagógico que publicou António Gil Hernández merecem destaque os intitulados Que galego na escola? Tese reintegracionista (1984, com Maria das Dores Arribe Dopico e Joám Carlos Rábade Castinheira); Silêncio ergueito (1996), Temas de Linguística Política (2006), João Vicente Biqueira. Obra seleta (2011), ou Solilóquio com Manuel Maria (2018, em academia.edu).
Como produtor literário e de ensaio e estudos literários tem publicado Baralha de sonhos (1985, poesia), Comentário de Textos Literários (1986, volume coletivo que coordenou, com participação de mais 18 especialistas, modelar nesta matéria), Luzes e espirito (1990, em que dialoga com o poeta galego Eusébio Lorenzo Baleirón), Do amor de tudo quanto é livre (1995), bem como Tractatus de Euphemica Dictione, diálogo com a saudosa poeta Cristina de Mello; Rimas a Amarilis, e Antologia de contos nada exemplares.
Também tem colaborado nas revistas O Ensino, Agália, Cadernos do Povo, Nós, Temas de O Ensino, Luzes da Galiza, Man Común; ou em publicações jornalísticas como La Voz de Galicia, El Ideal Gallego e A Nosa Terra.
Após a eleição de Gil Hernández, Rudesindo Soutelo agradeceu a colaboração que teve nos oito anos que ocupou a presidência: “Agradeço à Comissão Executiva anterior pelo seu eficiente desempenho e desejo que a nova e mais nutrida Comissão Executiva tenha o sucesso que a AGLP merece”, afirmou. In “Academia Galega da Língua Portuguesa” - Galiza
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