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MIL: Movimento Internacional Lusófono | Nova Águia


Apoiado por muitas das mais relevantes personalidades da nossa sociedade civil, o MIL é um movimento cultural e cívico registado notarialmente no dia quinze de Outubro de 2010, que conta já com mais de uma centena de milhares de adesões de todos os países e regiões do espaço lusófono. Entre os nossos órgãos, eleitos em Assembleia Geral, inclui-se um Conselho Consultivo, constituído por mais de meia centena de pessoas, representando todo o espaço da lusofonia. Defendemos o reforço dos laços entre os países e regiões do espaço lusófono – a todos os níveis: cultural, social, económico e político –, assim procurando cumprir o sonho de Agostinho da Silva: a criação de uma verdadeira comunidade lusófona, numa base de liberdade e fraternidade.
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"Trata-se, actualmente, de poder começar a fabricar uma comunidade dos países de língua portuguesa"

"Trata-se, actualmente, de poder começar a fabricar uma comunidade dos países de língua portuguesa"

Nenhuma direita se salvará se não for de esquerda no social e no económico; o mesmo para a esquerda, se não for de direita no histórico e no metafísico (in Caderno Três, inédito)

A direita me considera como da esquerda; esta como sendo eu inclinado à direita; o centro me tem por inexistente. Devo estar certo (in Cortina 1, inédito)

Agostinho da Silva

quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

Há 24 anos, nascia a RAEM...

 Foi há 24 anos que Macau deixou de ser administrada por Portugal para passar para a administração chinesa. Nascia, assim, a RAEM. “Macau regressou”, lia-se na capa da edição especial do Jornal Ou Mun do dia 20 de Dezembro de 1999. O Va Kio destacava “o início de uma nova era para Macau”. O Ponto Final – que nesse dia escrevia na capa simplesmente “Macau, China” – recorda agora o que foi contado pelos jornais neste “momento histórico”


A 20 de Dezembro de 1999, a China passava a administrar Macau enquanto região administrativa especial, depois de mais de 400 anos de administração portuguesa. A RAEM comemora hoje 24 anos.

A cronologia das cerimónias oficiais começou no dia 19, às 10 horas da manhã, quando Jorge Sampaio, na altura o Presidente da República de Portugal, recebeu os dignitários estrangeiros no Palácio de Santa Sancha e, pelas 11h30, chegou ao Aeroporto de Macau o Presidente da República Popular da China, Jiang Zemin. À tarde, pelas 16h30, Joaquim Rocha Vieira, último governador de Macau, saía pela última vez do Palácio de Santa Sancha, sua residência oficial, e a bandeira portuguesa era arriada pela última vez, naquela que é, actualmente, a Sede do Governo de Macau.

A festa deslocou-se, então, para o Centro Cultural de Macau e Jorge Sampaio começou a receber os convidados às 17h15. Depois disso, um sarau cultural, lançamento de fogo-de-artifício e um banquete. À meia-noite, no Centro Cultural, a bandeira portuguesa é arriada, a bandeira chinesa é hasteada, com discursos de Jiang Zemin e Jorge Sampaio. À 1h30 da manhã do dia 20 – aquele que era o primeiro dia da RAEM – Jorge Sampaio e Rocha Vieira abandonaram Macau e tomava posse o novo Governo da região, que tinha Edmund Ho com líder.

Já na manhã do dia 20, no Centro de Conferências Landmark, houve mais uma sessão para celebrar a implementação da RAEM, com Jiang Zemin a discursar precisamente às 10h04. Às 10h25, o primeiro Chefe do Executivo de Macau, Edmund Ho, também proferiu um discurso. Ao meio-dia do dia 20, Jiang Zemin deixou Macau e entraram as tropas do Exército de Libertação Popular pela fronteira das Portas do Cerco.

Um “momento histórico” assinalado pelos jornais de língua chinesa

O Ponto Final consultou os arquivos de alguns jornais locais para recordar aquilo que foi escrito por altura da transferência de soberania de Macau. O Jornal Ou Mun, na edição do dia 19 de Dezembro, constatava que a região ia regressar à administração chinesa à meia-noite e escrevia: “A população dá as boas-vindas ao momento histórico”. “A era antiga está a terminar e uma nova era está a chegar”, lia-se neste jornal.

O Ou Mun dava também os detalhes meteorológicos do dia seguinte, dizendo que “o tempo durante o dia de retorno será frio e sem chuva, o que favorecerá o bom andamento da transferência da administração e as diversas actividades comemorativas”.

À meia-noite, o Ou Mun publicou uma edição especial sobre a ocasião especial. “O país regozija-se ao lavar a humilhação centenária. Macau é agora abraçada pela pátria”, era um dos títulos do jornal de língua chinesa. Nesta edição, o jornal descrevia também que “todos os cidadãos passaram a noite a celebrar a criação da RAEM, a implementação do princípio ‘um país, dois sistemas’, ‘Macau governado pelas suas gentes’ e o alto grau de autonomia”.

O Ou Mun foi mais longe: “O regresso de Macau pôs fim à história de ocupação estrangeira do nosso território, significando o termo da história do colonialismo ocidental na Ásia. A luta incessante da nação chinesa para alcançar a independência ao longo do último século foi um sonho que se transformou em realidade”.

Já o jornal Va Kio destacava “o fim do domínio português e o início de uma nova era para Macau” e reforçava que “a China recupera a última parcela de terra ocupada por estrangeiros e Macau regressa à pátria, dando início a uma nova era de ‘um país, dois sistemas’ e ‘Macau governado pelas suas gentes'”. Sobre o momento em que Rocha Vieira, o último governador português, abandonou o Palácio do Governo, o Va Kio reparou que “algumas pessoas no local estavam em lágrimas”.

Um outro jornal em língua chinesa, mas neste caso de Hong Kong, o Apple Daily – entretanto extinto – também esteve presente nas cerimónias da transferência de soberania. O arquivo do jornal mostra um artigo publicado no dia 20 de Dezembro de 99 com o título: “Em 33 minutos, uma nova página da história foi virada, com centenas de milhões de pessoas a testemunharem a transferência de Macau para a China”. O jornal da região vizinha descrevia o momento da transferência de soberania de Macau destacando a “alegria chinesa” e as “lágrimas portuguesas”.

“À meia-noite, quando a bandeira chinesa foi hasteada lentamente ao som do hino nacional chinês, a delegação chinesa aplaudiu com alegria e os convidados oficiais portugueses aplaudiram lentamente, o que demonstrou os diferentes sentimentos entre a China e Portugal nesta cerimónia de transferência de soberania”, descrevia o Apple Daily.

Palavras de Jorge Sampaio e de Jiang Zemin citadas pelos jornais portugueses

“O tempo revelará se caminhamos na direcção certa”, disse Jorge Sampaio, num discurso proferido no dia 18 de Dezembro de 1999, numa sessão de condecorações. A edição do dia 19 de Dezembro do Jornal Tribuna de Macau (JTM) citava o Presidente português: “Macau é uma cidade moderna, preparada para a mudança, feita para as suas gentes e pelas suas gentes – chineses, portugueses e macaenses – unidos pelo seu dever comum”. Após um encontro com Edmund Ho, António Guterres, à data primeiro-ministro português, deixava claro: “O Governo português tem uma política externa e continuará a seguir de perto aquilo que se passará em Macau”.

O JTM noticiava também que em Pequim o acontecimento motivou celebrações. Mesmo com temperaturas na ordem dos 12 graus negativos, milhares de cidadãos chineses reuniram-se na Praça Tiananmen depois das 21 horas do dia 19 para celebrar o regresso de Macau à administração chinesa.

“Macau, China”. Foi a constatação de que Macau passava a ser parte da administração chinesa que o Ponto Final do dia 20 de Dezembro plasmou na capa. Lá dentro, dava-se conta do primeiro discurso de Edmund Ho enquanto Chefe do Executivo, que lembrou que o regresso de Macau à “mãe-pátria” traduzia uma “luta insistente” do povo chinês pela “defesa e soberania do Estado”. Esta edição do Ponto Final dava também nota da emoção na despedida de Rocha Vieira do Palácio de Santa Sancha. O último governador português não conteve as lágrimas ao segurar a bandeira junto ao peito.

No discurso de Jiang Zemin, o Presidente chinês aproveitou para elogiar a fórmula “um país, dois sistemas”, de Deng Xiaoping, e que começava então a funcionar em Macau. Zemin disse ainda que Taiwan seria o próximo passo para “a reunificação completa da China”. No discurso, no Centro Cultural, o Presidente concluiu que, depois do dia 20, Macau iria ter “um futuro mais brilhante”.

“Portugal, partindo, fica”, foram as palavras de Jorge Sampaio após a sessão cultural do dia 19. “Que fique claro, todavia, que se a administração portuguesa cessa, Portugal não parte. Fica apenas de modo diverso, para acompanhar Macau no seu percurso sob novos poderes de uma nova soberania”. André Vinagre e Catarina Chan – Macau in “Ponto Final”

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