Como desde logo se infere pelos
respectivos títulos e subtítulos, muitas das obras de António Braz Teixeira incidem,
expressamente, sobre o pensamento luso-brasileiro.
Não podendo nós aqui estender a
nossa atenção sobre todas essas obras, partiremos aqui de um breve texto, “Meio
século de diálogo filosófico luso-brasileiro”, apresentado na abertura do VI
Congresso Brasileiro de Filosofia, realizado na Faculdade de Direito de São
Paulo, em Setembro de 1999, onde António Braz Teixeira começa por nos desenhar
este panorama: “Se, no século XIX, foram intensas, embora descontínuas, as
relações especulativas entre Portugal e o Brasil – desde Silvestre Pinheiro
Ferreira e as Prelecções Filosóficas,
que proferiu e publicou no Rio de Janeiro, entre 1813 e o final da década, até
à Revista de Estudos Livres
(1883-1887), dirigida por Teófilo Braga e Sílvio Romero e a O Brasil Mental (1898), de Sampaio Bruno
– nos primeiros decénios do séc. XX foi praticamente inexistente o diálogo
filosófico entre pensamentos portugueses e brasileiros (…)”.
Eis, em síntese, o panorama que
se vem a alterar “radicalmente” na segunda metade do século XX, em “dois
ciclos” – como acrescenta António Braz Teixeira, logo de seguida:
“correspondente, o primeiro, ao período que vai da criação do Instituto
Brasileiro de Filosofia (1949) até à revolução portuguesa de 1974 e, o segundo,
ao quarto de século decorrido deste então até hoje”.
Sendo que – acrescentamos agora
nós – este “hoje” deve ser lido de forma extensiva: ou seja, não apenas até
1999 (data do texto em causa).
Quanto ao primeiro ciclo,
destaca, António Braz Teixeira, as seguintes “figuras em torno das quais se
polarizou o diálogo filosófico luso-brasileiro”: “além de Miguel Reale [“figura
tutelar”], Vicente Ferreira da Silva, Luís Washington Vita, Agostinho da Silva,
Eudoro de Sousa, Delfim Santos e António José Brandão” – este último
particularmente relevante, a par de Cabral de Moncada, “no domínio da filosofia
jurídica” –, sem esquecer, “neste primeiro ciclo, a presença docente de alguns
pensadores e investigadores portugueses em Universidades brasileiras, como foi
o caso de Fidelino de Figueiredo, em São Paulo, Eduardo Lourenço, em Salvador,
ou António Telmo, em Brasília”.
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