Se a persistência é admirável, os
argumentos aduzidos são – importa reconhecê-lo, com algum pesar – cada vez mais
risíveis.
O mais recente implica o nosso
actual Primeiro-Ministro, António Costa. A partir de uns cartazes de gosto
duvidoso, o nosso talibanismo politicamente correcto vem de novo querer provar
que, de facto, o povo português é “estruturalmente racista”, se não mesmo “o
povo europeu mais estruturalmente racista”.
Ora, não é precis ser doutorado
em filosofia para perceber, imediatamente, o absurdo lógico desta alegação: se,
de facto, o povo português fosse “estruturalmente racista”, ou, mais ainda,
maximamente, “o povo europeu mais estruturalmente racista”, jamais António
Costa teria sido eleito Primeiro-Ministro.
Porque, de facto, como em devido
tempo recordou o nosso actual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa
– a propósito de uma especulada saída de António Costa para um cargo europeu –,
foi isso o que aconteceu: dada a personalização cada vez maior das nossas
eleições legislativas, foi de facto António Costa quem foi eleito
Primeiro-Ministro, por mais que, formalmente, como saibamos, nas eleições
legislativas se elejam Deputados e não Primeiros-Ministros.
Chegados aqui, o talibanismo
politicamente correcto recorrerá ao único exemplo aparentemente comparável: o
de Inglaterra, em que o seu actual Primeiro-Ministro, Rishi Sunak,
tem também ascendência indiana. O paralelo é, porém, falso: Rishi Sunak
não foi eleito Primeiro-Ministro – ascendeu a tal cargo após aquele que foi
realmente eleito, Boris Johnson, ter sido destituído pelos Deputados do Partido
de ambos (e só à segunda tentativa…).
Em suma: o povo português é mesmo
um povo ímpar – pelo menos, à escala europeia. Sendo um povo “estruturalmente
racista”, se não mesmo “o povo europeu mais estruturalmente racista”, conseguiu
eleger, por maioria absoluta, António Costa como Primeiro-Ministro. Talvez tenha
sido apenas “para disfarçar”, balbuciará, em desespero, o nosso talibanismo
politicamente correcto. Mas, se perder as próximas eleições, a prova final estará
feita: o povo português é “estruturalmente racista”, se não mesmo “o povo
europeu mais estruturalmente racista”. Para nosso gáudio, o talibanismo
politicamente correcto nunca se engana.
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