Os equipamentos foram entregues a duas escolas na Região de Cacheu onde decorre uma campanha de sensibilização sobre a pandemia, a Agência da ONU qualifica o país de exemplo positivo na integração dos refugiados. O processo de naturalização de 8 mil refugiados será concluído no início de 2021
A Agência da ONU para Refugiados, Acnur, colocou à disposição de duas escolas em São Domingos, Região de Cacheu, no norte da Guiné-Bissau, mobiliários e equipamentos informáticos para combater a pandemia. A ajuda faz parte do projeto de apoio à educação e insere-se no âmbito da luta contra a Covid-19.
Sensibilização
No mesmo quadro, o Acnur vai despertar, até 15 de novembro, a consciência dos alunos, pais, encarregados de educação e técnicos de saúde numa ação de sensibilização que envolve também militares, paramilitares e policiais.
Falando à ONU News em Bissau, a chefe do Escritório do Acnur no país, Eunice Queta Esteves, explicou como os equipamentos foram distribuídos e sobre as escolas beneficiadas.
“HCR selecionou duas escolas em são Domingos, uma pública e uma privada. Cada escola recebeu cinco computadores, cinco portáteis, 10 headphones, duas impressoras completas, para além de seis mesas, 12 cadeiras. Vamos apoiar a nível da instalação de internet, vamos pagar por um ano, para além dos painéis solares”.
O Acnur cobre 95 aldeias na região de Cacheu e a Manitese, uma entidade parceira de implementação cobre 34 sendo as restantes apoiadas pela Comissão Nacional para os Refugiados.
Naturalização
A agência pretende retomar, durante os meses de novembro e dezembro, a distribuição de produtos da primeira necessidade, de higiene e kits de sensibilização para a prevenção da pandemia. Os trabalhos que vinham decorrendo entre maio e junho, foram suspensos devido às imposições restritivas da Covid-19.
No mesmo período, o Acnur conta retomar também o processo de registo dos cerca de 1,9 mil dos 8 mil refugiados identificados para o efeito de naturalização. A parceria com a Comissão Nacional dos Refugiados e o Governo guineense remonta de 2017, quando foi assinado o despacho que confere naturalização a todos os refugiados que se encontram no país.
Eunice Queta Esteves realça a necessidade de haver uma integração plena dos refugiados na sociedade guineense.
“Eles foram bem recebidos, agora há que continuar para que eles sejam autónomos e os seus direitos sejam respeitados e que saibam que têm obrigações que têm que cumprir. Temos que fazer a integração plena que passa por uma maior sensibilização à população agora naturalizada, apoiá-los em negócios que gerem rendimentos para que possam ser autossuficientes”.
Conflito
Embora haja cidadãos da Serra Leoa, da Cote d’Ivoire ou Costa do Marfim e Burundi, o grosso dos refugiados é constituído por cidadãos senegaleses que fugiram das hostilidades entre o governo e o Movimento das Forças Independentistas de Casamansa na zona sul do país Africano.
“Muitos destes refugiados vivem no país já há muito tempo e sempre foram bem acolhidos pelos chefes das tabancas que lhes concederam parcelas de terra onde vivem e cultivam”, disse a líder do Acnur. A preocupação é o novo fenómeno de conflito de posse de terra que, em alguns casos, opõe os refugiados aos antigos ocupantes.
Sabe-se também que os refugiados recebem apoios com atividades geradoras de rendimento como a agricultura, horticultura, avicultura e escoamento de produtos.
Existe ainda uma assistência financeira a 12 refugiados para a formação superior nas faculdades do país e o estudo das línguas: português, francês e inglês. Amatijane Candé – Guiné-Bissau in ONU News
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