A coordenação do ensino do Português na Venezuela vai avançar com dois programas-piloto de ensino da língua portuguesa à distância, através de plataformas digitais, na cidade de Mérida e na ilha de Margarita, foi anunciado.
“Vão ser dois projectos-piloto modestos, mas é a porta de entrada para começar a entrar em estados longe da capital, como é o caso de Mérida e Nova Esparta (ilha de Margarita), e é nesse sentido que nós vamos”, disse o coordenador do ensino do português na Venezuela, Rainer Sousa.
O coordenador falava à agência Lusa à margem das V Jornadas para Professores de Língua Portuguesa da Venezuela.
“A possibilidade de dar aulas à distância, usando as tecnologias digitais, é uma grande oportunidade para algumas escolas que, mesmo nesta situação de pandemia (da covid-19), têm solicitado o ensino do Português”, frisou Rainer Sousa
As jornadas tiveram o apoio do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua e a participação de 60 professores de Português, 55 da Venezuela, dois de Portugal, dois da Colômbia e um do Brasil.
“Foi a primeira de uma série de formações que vamos organizar”, adiantou Rainer Sousa, precisando que haverá formação em Agosto e Setembro, e que o congresso anual de professores, previsto para Novembro, deverá usar as plataformas digitais.
“Isto constituiu uma primeira experiência, positiva. É muito mais económico fazer algo assim, em vez de trazer pessoas de fora”, disse o coordenador, esclarecendo que “num cenário de pandemia” não se pode “descuidar a formação de professores, ainda mais, quando eles têm necessidade de conhecer as tecnologias que permitem levar a cabo o processo de ensino”.
Rainer de Sousa explicou ainda que os professores de Português na Venezuela terminaram o ano lectivo com muito esforço a lidar com a tecnologia, mas que vão ter mais competências e conhecer todos os recursos para o ensino que existem na internet.
“Houve professores que deram aulas pelo WhatsApp. O ensino de uma língua passa pela interação verbal com os estudantes. Com a formação de hoje ficaram a conhecer um leque bastante amplo de outras possibilidades”, disse, reconhecendo haver limitações na Venezuela quanto à internet e às ligações, que são desafios que requerem um esforço maior de parte dos professores e dos alunos.
Segundo Rainer de Sousa, há quase 4500 alunos, das escolas do ensino básico e secundário da Venezuela, a frequentar aulas de português em Caracas (capital), Maracay, Cágua, Clarines e Valência.
“Esse número, apesar da pandemia, vai aumentar, uma vez que há escolas que vão avançar com o ensino do português mesma na modalidade à distância”, referiu.
Devido aos apagões eléctricos e às falhas da internet, as aulas de português na localidade de Punto Fijo foram suspensas temporariamente.
A nível universitário, 300 alunos estão em formação para obterem o grau de professores de língua portuguesa, nas universidades Central da Venezuela, Carabobo e Pedagógica Experimental Libertador.
Há ainda alunos a estudar português como opção curricular nas universidades Metropolitana, Zúlia, Bolivariana da Venezuela e no Instituto Américo Vespúcio, instituições que não têm protocolos assinados com o instituto Camões.
“Apesar das dificuldades continuamos a avançar. A Venezuela tem um grande potencial para o ensino do Português. Há muitas escolas que gostariam de oferecer o Português no seu programa curricular”, afirmou o coordenador do ensino do Português na Venezuela. In “O Século de Joanesburgo” – África do Sul com “Lusa”
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