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MIL: Movimento Internacional Lusófono | Nova Águia


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"Trata-se, actualmente, de poder começar a fabricar uma comunidade dos países de língua portuguesa"

"Trata-se, actualmente, de poder começar a fabricar uma comunidade dos países de língua portuguesa"

Nenhuma direita se salvará se não for de esquerda no social e no económico; o mesmo para a esquerda, se não for de direita no histórico e no metafísico (in Caderno Três, inédito)

A direita me considera como da esquerda; esta como sendo eu inclinado à direita; o centro me tem por inexistente. Devo estar certo (in Cortina 1, inédito)

Agostinho da Silva

terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

Uruguai – Navio-escola Sagres reproduz navegação que batizou o “Monte Vidi”, atual Montevidéu




O navio-escola “Sagres” vai reconstruir, com 30 convidados especiais, o histórico percurso da epopeia de Fernão de Magalhães que deu nome ao “Monte Vidi”, o morro ao redor do qual cresceu Montevidéu, capital do Uruguai. A “Sagres” zarpará da baía de Maldonado, em frente a Punta del Este, rumo a Montevidéu, reproduzindo a travessia com o cenário de 500 anos, quando a expedição do navegador avistou um curioso morro com forma de chapéu no centro de uma planície arenosa.

Durante a navegação, o navio-escola português será acompanhado pelo seu par uruguaio, a escuna Capitán Miranda.  A bordo da “Sagres”, um grupo de 30 convidados entre embaixadores, académicos, historiadores e autoridades locais.

Um desses convidados é o escritor uruguaio e investigador de História, Juan Antonio Varese, autor do mais recente livro sobre a saga de Fernão de Magalhães, único livro no mundo que põe a lupa sobre o capítulo Rio da Prata da histórica viagem de circum-navegação.

“Vou ter a imensa honra de ver o ‘Monte Vidi’ com os meus próprios olhos, como viram os descobridores”, exclama emocionado, Juan Antonio Varese, em entrevista à Lusa.

O livro “A Expedição de Magalhães no Rio da Prata” foi publicado em dezembro e apresentado em 10 de janeiro passado, exatamente 500 anos depois do dia em que Fernão de Magalhães entrou no rio de Solis, atual Rio da Prata, para tentar encontrar uma saída ao Mar do Sul, que seria rebatizado pelo próprio como Pacífico.



A partir do Rio da Prata, a viagem de Magalhães cruzaria uma fronteira desconhecida, nunca antes navegada, sem referências de nomes nem de mapas.

O piloto da nau Trindade, Francisco Albo, escreveu no seu diário de bordo naquela terça-feira, 10 de janeiro de 1520, após cruzar o Cabo de Santa Maria, atual Punta del Este:

“Dali para a frente corre a costa Leste-Oeste e a terra é arenosa. Direto do cabo há uma montanha feita como um chapéu ao qual pusemos o nome de Monte Vidi”, descreve Francisco Albo. No documento, aparece, entre parênteses, uma frase posteriormente acrescentada: “corruptamente chamam agora de Santovidio”. Do latim, Monte Vidi seria “Eu vi Monte”.

Entre as várias versões para Montevidéu (em espanhol, Montevideo), aparece uma influência do português. Um desconhecido marujo, que vigiava do alto do mastro de observação, teria exclamado ao ver o monte: “Monte vide eu”.

O siciliano Ovídio viveu em Portugal, onde foi venerado. Foi o terceiro bispo de Bracara Augusta, atual Braga. Do seu nome, o Monte Santo Ovídio seria Monte Ovídio ou Monte Vídio.

Já a versão em espanhol diz que nos mapas de navegação o sexto monte de Leste a Oeste no território uruguaio era lido como “Monte VI de E-O” (“Monte Sexto de Este a Oeste).

“Mas a única versão que está documentada é a de Magalhães. É essa a expedição que dá nome ao Monte”, indica Juan Antonio Varese, que ilustrou a capa do seu livro justamente com a frota de Magalhães tendo o “Monte Vidi” ao fundo na paisagem. O nome resistiria por mais de 200 anos até à fundação de Montevidéu entre 1726.

“Depois de vir do Brasil com frondosa vegetação e montanhas, nada lhes chamou a atenção na costa uruguaia que descreveram sempre como plana e arenosa. Por isso, chamou-lhes tanto a atenção um monte”, compara Juan Antonio Varese, quem também é membro da Academia de Marinha de Portugal.

A “Sagres” ficará em Montevidéu até o dia 27, quando parte para Buenos Aires na outra margem do Rio da Prata. Esses dias na capital uruguaia poderiam ter um correlato com o roteiro de Magalhães há 500 anos.

“Calcula-se que a expedição de Magalhães tenha ficado alguns dias em Montevidéu. Não está documentado. Acredita-se que tenham subido o Monte Vidi como forma de ver o horizonte. Fazia-se sempre, especialmente nesse monte com apenas 145 metros”, analisa Varese.

Mas antes de Magalhães já tinha passado por esta costa Américo Vespúcio em 1501, João de Lisboa e Estevão Fróis em 1514 e João Dias de Solis 1516.

Para chegar até ao Rio da Prata, canal que acreditava ser a passagem para o Pacífico, Fernão de Magalhães contou com os conhecimentos de outro português integrante na sua expedição: o piloto João Lopes de Carvalho.

Era Carvalho que sabia o caminho. Tinha recebido referências de João de Lisboa e de Francisco Torres, que tinham estado na expedição de Solis. Carvalho sabia que era preciso encontrar o Cabo de Santa Maria (Punta del Este), como referência de entrada para o Rio de Solis (Rio da Prata).

“Eles vinham à procura do Cabo de Santa Maria porque tinham notícia da prévia expedição de Solis, mas havia um deles que conhecia bem a localização. Esse era João Lopes de Carvalho, que explicava que, para se saber onde estava o Rio de Solis, era preciso chegar ao Cabo Santa Maria”, conta Juan Domingo Varese.

Foi exatamente esse caminho que a ‘Sagres’ fez hoje ao chegar a Punta del Este, onde parou antes de continuar a Montevidéu, exatamente como Fernão de Magalhães há 500 anos. In “Mundo Português” – Portugal com “Lusa”

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