Primeiro número da série monográfica “Mapas esquivos” reúne dez ensaios sobre a construção da identidade em contextos coloniais e pós-coloniais. O livro, “Goa e Macau: A inscrição da identidade (nas línguas, literaturas e culturas)”, é acompanhado de dez desenhos originais sobre Goa e Macau da arquitecta portuguesa Catarina Cottinelli
O Departamento de Estudos Portugueses da Universidade de São José (USJ) apresenta hoje, às 19 horas, a publicação do primeiro volume de uma série monográfica dedicada à inscrição da identidade portuguesa nos territórios de Goa e Macau, que será acompanhada por 10 desenhos da arquitecta portuguesa Catarina Cottinelli, na perspectiva da construção dessa identidade em contextos coloniais e pós-coloniais.
Num livro patrocinado pela Fundação Macau e editado pela Universidade de São José, a inscrição da identidade portuguesa em Goa e Macau é analisada por dez autores de acordo com abordagens dos estudos literários, da linguística aplicada, da história e da antropologia.
Em declarações ao Ponto Final, Vera Borges, coordenadora do Departamento de Estudos Portugueses e autora de um dos capítulos, explica que o objectivo da USJ é “lançar uma colecção de volumes”, sendo que o título “Mapas esquivos” será transversal a toda a série monográfica, e cada um “terá o seu título e a sua própria temática”.
O primeiro título da série “Mapas esquivos” é uma abordagem multidisciplinar de investigadores provenientes de áreas diferentes sobre a afirmação de várias identidades culturais nos territórios de Goa e Macau. “Contactámos vários investigadores de diferentes áreas, em que uns tratam a literatura, outros tratam de documentos da historiografia, registos de documentos que descrevem vivências sociais. Temos também autores que incidem a sua abordagem sobre o ensino da língua ou que têm uma abordagem mais antropológica”, afirma a coordenadora ao Ponto Final.
“Há uma variedade de abordagens que reflecte esta variedade de pontos de vista sobre os vestígios da presença portuguesa e a afirmação de várias identidades na cultura de Goa e na cultura de Macau”, assinala Vera Borges.
No lançamento da obra vai estar Rosa Maria Perez, a antropóloga contribuiu com um capítulo dedicado à identidade das mulheres de Goa numa sociedade divida por castas. Em declarações ao Ponto Final, Rosa Maria Perez revela que a sua contribuição neste trabalhou proveio de um trabalho de investigação, que está perto de concluir, sobre mulheres nacionalistas goesas que se opuseram ao colonialismo português na Índia.
“Efectivamente, o sistema de castas indiano é anterior à chegada dos portugueses e continuou para lá dos portugueses. O que é muito curioso e bastante singular é que o próprio sistema de castas se inscreveu no interior do catolicismo, portanto há castas católicas, ou seja, um pouco em contradição com a ideologia católica, segundo a qual todos os indivíduos serão iguais perante Deus”, afirma Rosa Maria Perez, acrescentando depois que o sistema social indiano de castas continua estratificado mesmo ao nível dos católicos indianos.
“O que vou falar é exactamente da maneira como as mulheres aparecem representadas nos periódicos goeses, coloniais, e por outro lado também, a partir daí vou falar das ligações entre hinduísmo e catolicismo particularmente em Goa, mas também noutros contextos da Índia”, frisa Rosa Maria Perez.
O livro “Goa e Macau: A inscrição da identidade (nas línguas, literaturas e culturas)” conta ainda com capítulos de Maria José Grosso sobre o ensino do Português em Macau, antes e depois de 1999, e de Tereza Sena, intitulado “Reflexões sobre a Presença Portuguesa nos Confins da Ásia: espaços, gentes e estratégias”. In “Ponto Final” – Macau
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