*É um Lusófono com L grande? Então adira ao MIL: vamos criar a Comunidade Lusófona!*

MIL: Movimento Internacional Lusófono | Nova Águia


Apoiado por muitas das mais relevantes personalidades da nossa sociedade civil, o MIL é um movimento cultural e cívico registado notarialmente no dia quinze de Outubro de 2010, que conta já com mais de uma centena de milhares de adesões de todos os países e regiões do espaço lusófono. Entre os nossos órgãos, eleitos em Assembleia Geral, inclui-se um Conselho Consultivo, constituído por mais de meia centena de pessoas, representando todo o espaço da lusofonia. Defendemos o reforço dos laços entre os países e regiões do espaço lusófono – a todos os níveis: cultural, social, económico e político –, assim procurando cumprir o sonho de Agostinho da Silva: a criação de uma verdadeira comunidade lusófona, numa base de liberdade e fraternidade.
SEDE: Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa)
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NOVA ÁGUIA: REVISTA DE CULTURA PARA O SÉCULO XXI

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Desde 2008"a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português".

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"Trata-se, actualmente, de poder começar a fabricar uma comunidade dos países de língua portuguesa"

"Trata-se, actualmente, de poder começar a fabricar uma comunidade dos países de língua portuguesa"

Nenhuma direita se salvará se não for de esquerda no social e no económico; o mesmo para a esquerda, se não for de direita no histórico e no metafísico (in Caderno Três, inédito)

A direita me considera como da esquerda; esta como sendo eu inclinado à direita; o centro me tem por inexistente. Devo estar certo (in Cortina 1, inédito)

Agostinho da Silva

sábado, 24 de novembro de 2018

Carta a M. Fátima Bonifácio


Cara Professora M. Fátima Bonifácio

Sem qualquer ironia, começamos por lhe dizer que, em geral, costumamos apreciar os seus textos – pela sua capacidade argumentativa e pela lucidez que eles, por regra, denotam. Não foi porém, de todo, o caso do seu texto “Portugal-Angola: uma parceria estratégica sem futuro” (Público, 29.09.2018), assumidamente em réplica a um texto do nosso Ministro dos Negócios Estrangeiros em exercício, Augusto Santos Silva, “Portugal e Angola, uma parceria estratégica para o futuro” (Público, 22.09.2108).
Começando por reconhecer uma “ligeira alteração atmosférica” nas relações entre Portugal e Angola, M. Fátima Bonifácio recorda depois, com alguma ironia ácida, os principais episódios que levaram a que “no ano passado as relações entre Lisboa e Luanda tivessem azedado pesadamente”. Apesar dessa ironia ácida, a sua descrição não nos merece qualquer reparo de maior.
O grande problema do seu texto, permita-nos esta respeitosa réplica, são as suas duas premissas essenciais, que enuncia desta forma tão categórica: “os Estados não orientam as suas relações com terceiros segundo critérios afectivos, mas sim segundo os seus interesses. O resto é conversa.”; Portugal não tem sido capaz de se projectar num mundo globalizado, a não ser como parte integrante da UE. E Angola, para se projectar no mundo globalizado, não precisa da ajuda de um pequeno país que, por si, sem a União Europeia, é destituído de significância.”.
Comecemos pela primeira: “os Estados não orientam as suas relações com terceiros segundo critérios afectivos, mas sim segundo os seus interesses. O resto é conversa.”. M. Fátima Bonifácio até poderá sorrir com a nossa réplica, mas os Estados (ou, mais exactamente, as Nações) são, antes de tudo o mais, projectos afectivos. Os portugueses que gostam de ser portugueses (não falo aqui dos outros) não o fazem por interesse (material, entenda-se). No estrito plano do interesse material, (quase) todos ganharíamos em sermos espanhóis. E, no entanto, não vemos que a maioria dos portugueses queira ser espanhola.
E por isso, também, em geral, os portugueses se preocupam (mais) com os outros portugueses: não por qualquer interesse material, apenas, “tão-só”, porque se sentem (mais) ligados afectivamente a eles, porque se sentem, em suma, membros de uma mesma comunidade – que, antes de ser política, é uma comunidade histórico-linguístico-cultural. Ora, isso também (sobre)determina as nossas relações trans-nacionais. Apenas um exemplo da nossa história recente: se os portugueses em geral se preocuparam (e se preocupam) tanto com os timorenses, isso não aconteceu, decerto, por qualquer interesse material, apenas, “tão-só”, porque nos sentimos (mais) ligados afectivamente a eles, muito mais do que a outros povos do extremo-asiático.
O mesmo se passa relativamente aos angolanos. Decerto, os (muitos) portugueses que se preocupam com Angola sabem perfeitamente que “Angola já não é nossa” e que nunca voltará a ser “nossa”. E, no entanto, preocupam-se com os angolanos: porque se sentem (mais) ligados afectivamente a eles, muito mais do que a outros povos africanos com os quais não partilhamos a mesma língua e grande parte da nossa história. E se isso não transparece muitas vezes no plano político e (sobretudo) mediático, isso é bem visível na rede de cooperação, nas mais diversas áreas, ao nível da sociedade civil, onde, na maior parte dos casos, também não há nenhum interesse material (pelo contrário).
Mas passemos à segunda premissa: “Portugal não tem sido capaz de se projectar num mundo globalizado, a não ser como parte integrante da UE. E Angola, para se projectar no mundo globalizado, não precisa da ajuda de um pequeno país que, por si, sem a União Europeia, é destituído de significância.”. Antes de mais, consideramos esta premissa de M. Fátima Bonifácio auto-contraditória – pois se Portugal é “um pequeno país que, por si, sem a União Europeia, é destituído de significância” é, precisamente, porque “não tem sido capaz de se projectar num mundo globalizado, a não ser como parte integrante da EU”. A menos que M. Fátima Bonifácio defenda que Portugal não possa ser capaz de se projectar num mundo globalizado, a não ser como parte integrante da EU, condenando-se assim a manter-se como um pequeno país que, por si, sem a União Europeia, é destituído de significância”.
Pela nossa parte, do que se trata, precisamente, é que Portugal seja de novo capaz de “se projectar num mundo globalizado”. E, antes que se levantem, por má-fé e/ou ignorância, alguns “fantasmas”, desde já esclarecemos: isso não passa (obviamente) por qualquer projecto neo-colonialista; toda a ligação com os povos de língua portuguesa far-se-á por vontade (e também por interesse) dos próprios, não de forma imposta; isso também não passa, no caso de Portugal, por abandonarmos a União Europeia; pelo contrário, se tivéssemos apostado mais na ligação com os restantes povos de língua portuguesa (sem esquecer aqui as várias diásporas: lusófonas, não apenas as portuguesas), Portugal teria hoje, (também) no seio da União Europeia, um papel bem mais relevante. Em suma: a nossa dimensão lusófona não contradiz, antes fortalece, a nossa condição europeia. O resto, sim, “é conversa”.

Com os nossos melhores cumprimentos,

Renato Epifânio
Presidente do MIL: Movimento Internacional Lusófono
www.movimentolusofono.org

3 comentários:

Korsang di Melaka disse...

Caro Presidente do MIL

Concordo em pleno com o texto de resposta, oportuno e claro.

Nada mais à acrescentar.


Abraço fraterno

Luisa Timóteo

Nova Águia disse...

Amigo Renato Epifânio


Subscreveria inteiramente os argumentos da sua carta.

Felicitando-o, peço que aceite as melhores saudações do
Joaquim Domingues.

Luís de Barreiros disse...

Boa malha!... se me permitem a expressão...