De forma pública e
descomplexada, saudamos, juntamente com a Associação de Professores de Latim e
Grego, a pretensão do Ministério da Educação e Ciência do Governo de Portugal
de, no próximo ano lectivo, desenvolver um projecto de Introdução à Cultura e
Línguas Clássicas no ensino básico (cf. PÚBLICO, 04.06.2015).
Enquanto país europeu que
sempre foi, Portugal deve preservar essa sua matriz cultural e civilizacional,
contrariando uma certa inércia para o esquecimento histórico, bem patente, por
exemplo, na diluição da raiz etimológica de grande parte do nosso vocabulário
que o novo acordo ortográfico propõe.
Sendo o país europeu com as
mais antigas fronteiras definidas, Portugal, de resto, deveria renegar de vez
essa atitude provinciana de “bom aluno europeu”, que este e os anteriores
Governos têm, nas últimas décadas, assumido. Não precisamos de fazer prova da
nossa condição europeia, nem devemos olhar de baixo os restantes povos europeus.
Não temos, em suma, de sentir um complexo de inferioridade em relação a qualquer
outro povo deste nosso comum continente.
Dito isto, para nós Portugal
não é apenas um país europeu. É, de igual modo, senão ainda em maior medida,
cultural e civilizacionalmente, um país lusófono. Por isso, exortamos o
Ministério da Educação e Ciência do Governo de Portugal a introduzir,
complementarmente à disciplina de “Cultura e Línguas Clássicas”, uma disciplina
de “Cultura Lusófona”, também no ensino básico.
Nesta disciplina, deveriam ter
lugar as diversas culturas de todos os países e regiões de língua portuguesa,
numa visão de convergência, acentuando aquilo que nos une sobre aquilo que nos
separa, mas sem qualquer pretensão uniformizadora. A cultura lusófona será
tanto mais rica quanto mais assumir a sua dimensão plural e polifónica, ou,
para usar um termo que tem tudo a ver com a nossa história comum, “mestiça”.
Desde já nos manifestamos disponíveis para colaborar com o Ministério da
Educação e Ciência do Governo de Portugal na definição dos conteúdos
programáticos dessa nova disciplina.
Essa necessidade de dar a
conhecer as diversas culturas de todos os países e regiões de língua portuguesa
deveria, de resto, atravessar os diferentes graus de ensino – necessidade tanto
mais imperiosa porquanto os nossos “mass media” continuam, por regra, a ignorar
ostensivamente o restante mundo lusófono, ou apenas a lembrá-lo pelas piores
razões. Se só se pode amar verdadeiramente o que se conhece, é pois tempo de
dar realmente a conhecer as diversas culturas de todos os países e regiões de
língua portuguesa. Para, enfim, podermos amar a valorizar devidamente a nossa
comum cultura lusófona.
MIL: Movimento Internacional
Lusófono
MIL_Portugal
18 comentários:
Inteiramente de acordo.
Um fraternal abraço a todos os Lusófonos,
Jorge da Paz Rodrigues
Parece-me acertado.
De acordo.
Boa tarde. Manifesto-me favoravelmente ao conteúdo da carta, que acabo de ler, Abraços MOYSES BARBOSA - BRASIL
Completamente de acordo
Mas que boa ideia!
Ter que provar que Portugal é um país naturalmente europeu é o mesmo que ter que provar que no Brasil há clima tropical. Ou seja, não faz sentido.
A proposta de uma disciplina de "Cultura Lusófona Mundial" é uma ótima ideia e, defendo que também seja adotada no currículo escolar brasileiro. Muito boa ideia!
Caríssimos companheiros
Subscrevo, plenamente, esta proposta. No entanto, deixo a sugestão que essa nova e pertinente disciplina curricular integre temas ligados ao fenómeno da globalização para libertar a disciplina de História dessa missão (dado as atualizações programáticas terem passado a incluir estes últimos anos), que se afigura mais próxima da metodologia da sociologia histórica.
Cordialmente
MIL-ilitante Nuno Sotto Mayor Ferrão
Inteiramente de acordo com o texto desta «carta aberta». Que é, porém, demasiado optimista, considerando as pessoas que actualmente detêm o poder em Portugal... e as que poderão seguir-se: todas manifesta(ra)m uma tendência para a «pretensão uniformizadora».
Completamente de acordo.
Excelente texto! Cheio de força!
Estou de acordo com o conteúdo da carta.
Maria Manso
Excelente!
sou favorável à proposta
embora não saiba como conciliar com espírito tendencialmente uniformizador do Novo Acordo Ortográfico - a que aderi desde o primeiro momento
votos de continuação de bom trabalho - Abraço
É uma excelente ideia na qual se deve insistir. Há que criar ainda uma cultura lusófona na sociedade portuguesa. Os governos das últimas décadas fizeram o caminho inverso da Lusofonia, que é necessário inverter. Para isso, deve-se incutir nos nossos alunos, logo a partir do ensino básico, a noção de que integramos o espaço lusófono e a percepção da grandeza da sua dimensão plural e polifónica, e mestiça, como se refere nesta carta aberta. Esta é a base para que o projecto lusófono vingue.
Abraço MIL.
Não só concordamos com a proposta, acrescentando que a defesa das comunidades devem ser salvaguardadas, respeitando suas culturas pois é nelas que desejam viver os povos que as edificaram ao longo dos séculos. Proporcionar-lhes conhecimentos para a sustentabilidade como combate à pobreza, ao invés da imposição de modelos únicos onde existe gente mas não pessoas nem humanidade.
Um fraterno abraço
Luisa Timóteo
Concordo e assino por baixo, fazendo também minhas as palavras da Luisa Timóteo. O ensino da cultura lusófona deve ser uma exigência de e para todos os povos da lusofonia. Há que profiar.
Saudações Lusófonas
Carlos Veloso da Veiga
Muito pertinente. É tanta a pertinência quando percebemos, por exemplo, que a CPLP, criada há 17 anos, só agora começa a dar os primeiros passos. As crianças e os jovens precisam de crescer e evoluir com este sentimento enraizado.
Tiago Alexandre Eça Vidal Pinheiro da Costa
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