O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, propõe a criação de uma comissão, com elementos do Governo e do seu partido, para negociar as províncias autónomas que reivindica para Moçambique.
"Esta proposta já foi colocada ao Governo, através da sua assessoria, para que qualquer encontro que houver com [o Presidente a República, Filipe] Nyusi não seja apenas para apertos de mão, porque isso seria dececionar a população que espera que a Renamo governe seis províncias", disse à Lusa Afonso Dhlakama, líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo).
Segundo o líder do maior partido da oposição em Moçambique, a comissão seria composta por seis membros, três de cada parte, e funcionaria em paralelo com as equipas de diálogo de longo-prazo que se avistam semanalmente em Maputo, mas com a missão de trabalhar exclusivamente na descentralização do Estado.
"A Frelimo tem dito que também tem um plano de descentralizar a administração do Estado nas 11 províncias", declarou Afonso Dhlakama, esperando que um acordo político possa incorporar as ideias da Renamo e "entraria na Assembleia da República como sendo do Governo".
O presidente da Renamo defende que o plano de descentralização do Estado deve atender as autonomias que o seu partido exige e, com base nisso, as seis províncias onde reivindica vitória eleitoral sejam implementadas ainda este ano e as outras cinco após as eleições gerais de 2019.
Neste cenário, a Renamo passaria a dirigir as províncias de Niassa, Nampula, Tete, Zembézia, Manica e Sofala, no centro e norte do país e os atuais governadores, indicados pelo Governo central, seriam mantidos nos cargos mas sem funções executivas.
"Nyusi tem dito que está preparado para um encontro com Dhlakama para tratar assuntos da paz, definitivamente eu também estou preparado. Que ele aceite a criação das equipes para desenhar o quadro de descentralização, até porque esse trabalho é do Governo e nós ajudaríamos nisso", disse o líder da Renamo, acrescentando que esta iniciativa faria aproximar a população da democracia, "terminaria o ciclo de nomeações" e a atual instabilidade política e militar.
"O receio que eu tenho é que serei obrigado a dizer à população para agir como quer agir", afirmou, alertando que essa situação seria desastrosa para o país.
A Renamo não reconhece os resultados das últimas eleições gerais e exige a criação de autarquias provinciais em todo o país e gerir as seis regiões onde reclama vitória eleitoral, sob ameaça de tomar o poder à força.
Diário Digital com Lusa
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