Precisamente oitenta anos após a sua publicação, a Mensagem de Fernando Pessoa continua a
ser um texto interpelante para quem insiste em preocupar-se com a destinação
histórica de Portugal. Eis o que neste número da NOVA ÁGUIA se comprova. Sob as
mais plurais perspectivas – desde as mais esotéricas e espiritualistas até às
mais culturalistas e geopolíticas –, a Mensagem
foi, sobretudo, um excelso pretexto para repensarmos o futuro de Portugal,
mais amplamente, de toda a Comunidade Lusófona, mesmo sabendo que nunca chegará
“a hora”. Ainda bem – diremos. Sinal de que, ainda e sempre, haverá futuro a
construir.
Porque não há futuro sem passado, articulámos essa plural
reflexão em torno da Mensagem com a
celebração da própria língua portuguesa – na data, esta menos precisa, dos seus
oito séculos. Também aqui, o testamento de D. Afonso II, datado de 27 de Junho
de 1214, tido como o primeiro documento redigido em língua portuguesa, foi
sobretudo um pretexto para reforçarmos essa consciência histórica – não só
dessa nossa língua comum a todos os lusófonos, como, mais ampla e
profundamente, do que lhe subjaz: uma singular forma, por mais que plural e
polifónica, de ver e viver o mundo.
Por isso, coligimos também neste número da NOVA ÁGUIA as
intervenções dos representantes das várias associações lusófonas da sociedade
civil que participaram no II Congresso da Cidadania Lusófona, coordenado pelo
MIL: Movimento Internacional Lusófono e pela Sphaera Mundi: Museu do Mundo, no
âmbito da Plataforma de Associações da Sociedade Civil (PASC), decorrido na
Sociedade de Geografia de Lisboa, a 16 de Abril deste ano – onde, justamente,
se procurou defender e difundir essa consciência histórica e, partir daí,
prefigurar as “prioridades na cooperação lusófona”. Nesta secção, destacamos o Discurso de aceitação do Prémio MIL Personalidade
Lusófona 2013, entregue, na mesma sessão, a Ângelo Cristóvão, mais um sinal de
que, para nós, a Comunidade Lusófona abarca e abraça a Galiza.
Como sempre, também neste número da NOVA
ÁGUIA houve espaço para outras “Evo(o)cações”: de Frei Manuel do Cenáculo, nos
duzentos anos da sua morte, até personalidades da nossa cultura que nos
deixaram mais recentemente, como Maria Helena Varela (2004) e, já neste ano,
Vasco Graça Moura, passando por outras figuras lusófonas, como Rui de Noronha e
Ariano Suassuna, evocados, respectivamente, por António Braz Teixeira e José
Almeida. Em “Outros Voos”, destacamos, entre outros, os textos de Adriano
Moreira e Manuel Ferreira Patrício, a par das contribuições vindas de
Cabo-Verde e do Brasil – de Elter Manuel Carlos e de José Maurício de Carvalho.
Por fim, para além da “Rubricas” habituais – de Pinharanda Gomes, Eduardo
Aroso, Jorge Telles de Menezes, Manuel Gandra e João Bigotte Chorão –,
destacamos as já clássicas secções “Bibliáguio” e “Poemáguio”, e, de modo
particular, em “Extravoo”, a Partitura Musical de um Poema da Mensagem (“Mar
Portuguez”) que nos foi oferecida por Manuel Ferreira Patrício, tudo isto sem
esquecer a referência à Colecção NOVA ÁGUIA, onde, até ao final do presente
ano, se publicarão mais alguns títulos. Na calha está já igualmente o décimo
quinto número da revista, que terá como tema maior “Os 100 anos do Orpheu” e
onde, entre muitos outros textos, publicaremos as comunicações proferidas na I
Conferência Cabo-Verdiana “Filosofia, Literatura e Educação”, promovida pelo
MIL na Universidade de Cabo Verde, a 18 e 19 de Outubro de 2013, em parceria
com esta Universidade e com o Instituto Camões.
Próximos Lançamentos:
22.10.14 - 21h00: Ateneu Comercial do Porto | 23.10.14 - 14h30: Escola Secundária de Amarante | 01.11.14 - 18h00: Sala da Folha (Colares-Sintra) | 07.11.14 - 17h30: Biblioteca Municipal de Olhão | 07.11.14 - 21h30: Biblioteca Municipal de Lagoa | 21.11.14 - 12h00: Universidade Nova de Lisboa
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