APOIO MIL-BRASIL
FÓRUM
CANDANGO DE APOIO AOS GUARANI-KAIOWÁ, um informe.
Em
apoio aos povos Guarani-Kaiowá fundou-se ontem, 26 de outubro de 2012, um fórum
durante um encontro realizado no Memorial Darcy Ribeiro, na Universidade de
Brasília. O objetivo inicial será a coleta de alimentos não-perecíveis para
atender às necessidades emergenciais do povo guarani. Estavam presentes
representantes de vários seguimentos dos movimentos sociais, populares e
ambientalistas de Brasília. A Associação de Pós-Graduandos Ieda Santos Delgado,
da Universidade de Brasília, esteve presente oferecendo apoio, inclusive uma
doação de cinco caixas de livros de literatura infanto-juvenil, recebida da Casa
Agostinho da Silva.
O
problema existente é, ainda, a luta pela terra, como ocorre na fazenda Potreiro
Guassú, no município de Vila Formosa, em Dourados, Mato Grosso do Sul.
Existem hoje 36 acampamentos organizados à espera do
reconhecimento do direito à terra e à regularização fundiária da mesma. Desde
2009, quando o Juiz Gilmar Mendes (STF) dificultou a legalização das terras
guarani (segundo foi informado por Kleber, militante do CIMI), a situação tem se
agravado, acontecendo suicídios coletivos e individuais, inclusive de crianças.
As estimativas são de até quatro crianças por mês. Caso que deve ser denunciado
também ao CONANDA, o Conselho Nacional da Criança e do Adolescente.
Como
estratégia de asfixia, fazendeiros da região têm colocado seus jagunços para
fazerem cercos cujos objetivos têm sido: matar as lideranças do movimento
indígena local e privar as comunidades do acesso a alimentos. Além disso,
existem registros de estupro de mulheres indígenas, como o ocorrido na fazenda
São Luis, município de Iguatemi, MS, há poucos dias atrás. E os meios de
comunicação, sobretudo a TV, têm programaticamente tentado desvincular os
suicídios ao problema da luta pela terra, fazendo campanha à favor de
fazendeiros como a atriz Regina Duarte, que mantém fazenda na região.
O
problema da luta pela terra na região não é recente. Relaciona-se com a história
da formação do território brasileiro, cuja trajetória se estende entre o
Tratado de Tordesilhas e finais dos anos de 1950, quando João Guimarães
Rosa (à época era o Secretário de Fronteiras do Brasil) pôs fim aos problemas de
fronteira externa do Brasil, no caso, na região que faz fronteira com o
Paraguai. Por causa de Sete Quedas, onde hoje está a hidroelétrica de Itaipú, a
região foi disputada pelos dois países. A fundação das primeiras vilas na região
matogrossense coincide com o período da Guerra do Paraguai, portanto. Do ponto
de vista da formação populacional, ocorreram pelo menos três grandes levas
migratória do sul do Brasil para a região que deram origem à cidade de Dourados
(criada em 1935, no governo Vargas); de tropeiros de Minas Gerais, e outras do
nordeste.
No
próximo dia 31 de outubro haverá na cidade de Brasília uma manifestação em favor
da luta Guarani-Kaiowá e, a partir de janeiro, os Guarani acolherão militantes
em seus acampamentos para conhecerem a realidade da luta indígena no Mato Grosso
Sul. Eles criaram um observatório indígena em cada um dos acampamentos através
do qual pretendem receber militantes para essas vivências. Existe hoje uma
articulação regional que envolve e representa os povos indígenas pantaneiros, a
ARPIPAN (Articulação dos Povos Indígenas do Pantanal e Região). No próximo mês,
um grupo de movimentos indígenas se encontrarão no Rio de Janeiro para defender
o que foi a casa do Marechal Rondon, prédio onde ainda vivem grupos indígenas.
Com as construções da Copa (e reforma da cidade do Rio de Janeiro) o prédio –
que deveria ser preservado pelo governo brasileiro, inclusive mantendo as
funções de apoio à luta indígena – será demolido. (Fábio
Borges, Presidente
da APG/UnB,
Brasília, 27 de outubro de 2012.)
Subscreve MIL-BRASIL
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