- Qual o papel da Filosofia na Educação, hoje?
- A Filosofia, desde sempre, procura (re)pensar, mais profundamente, o ser e o
tempo (título, aliás, de uma das mais importantes obras de Filosofia do século
XX…). No nosso tempo, diria que a Filosofia tem como função primordial a de nos
religar com o ser, com a própria realidade. Ao contrário do que aconteceu
noutros tempos, em que a Filosofia discutiu coisas que pareciam “fora deste
mundo”, nos nossos tempos, a grande prioridade parece-me ser essa: religar-nos
com o ser, com a própria realidade. Tanto quanto possível, a todos os níveis do
ensino…
- Queres dar exemplos disso que disso?
- Sim, posso dar o exemplo das correntes
ditas “anti-especistas”, que põem em causa a diferença qualitativa entre
humanos e animais. É uma pura posição ideológica (no pior sentido do termo),
sem qualquer sustentação na realidade. Porém, é uma posição cada vez mais na
moda, sobretudo entre os mais jovens… É um corolário do que se chamou o
paradigma da pós-modernidade: a dissolução de todas as diferenças qualitativas.
A pretendida dissolução da diferença qualitativa da espécie humana é apenas uma
delas. Poderíamos também falar da pretendida dissolução da diferença
qualitativa entre géneros…
- Achas então que há de facto a chamada “ideologia de género”?
- Claramente – por muito que aqueles que a difundam não tenham consciência
disso e julguem defender posições realistas. É, também esta, uma pura posição
ideológica (no pior sentido do termo), sem qualquer sustentação na realidade…
- Pensas que a
Filosofia pode ser um antídoto a isso?
- Não sou assim tão optimista… Quando o discurso político-mediático vai,
quase todo ele, numa determinada direcção, a Filosofia, por si só, não consegue
inverter a corrente. Mas pode, sobretudo entre os mais jovens, promover um
maior sentido crítico…
- Daí, então, a importância
da Filosofia na Escola…
- Sim, mas a Escola, por si só, não faz “milagres”. Quando o discurso político-mediático que se ouve na televisão ou que se lê nos jornais vai, quase todo ele, como disse, numa determinada direcção, a Escola, por mais bem estruturada que esteja, não consegue, por si só, mudar isso. Mas, promovendo um maior sentido crítico, sobretudo entre os mais jovens, pode ser a sementeira de mudanças futuras, a médio-longo prazo…
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