O reitor da Universidade Cidade de Macau pretende que o programa voltado para o Português que a instituição está a criar entre em vigor no ano lectivo 2019/2020. A instituição quer fomentar laços com Portugal e Timor-Leste, enquanto aposta em programas que complementem a formação já existente no território
A Universidade Cidade de Macau (UCM) está há cerca de três anos a desenvolver um programa de licenciatura voltado para a Língua Portuguesa, e quer que entre em vigor a partir do ano lectivo 2019/2020. À Tribuna de Macau, o reitor da universidade adiantou que o plano deverá ficar completo dentro de poucas semanas, estando a passar por um processo interno de avaliação que envolve o convite de especialistas externos para esse propósito. “Terá de ser aprovado pelo nosso senado, conselho académico e depois de tudo isso vamos submetê-lo à aprovação formal do Governo”, disse Shu Guang Zhang.
“Demorou este tempo porque queríamos identificar algo que nos permitisse treinar essas capacidades de forma muito especial. Como sabemos, a RAEM tem programas de língua portuguesa em diversas instituições, a Universidade de Macau, o Instituto Politécnico, a Universidade de Ciência e Tecnologia”, reflectiu o reitor, indicando que a diferenciação da oferta da UCM requereu, por isso, “muita pesquisa sobre como melhor endereçar as necessidades do desenvolvimento local, bem como do desenvolvimento regional”.
Até que o programa entre em vigor, a instituição de ensino superior encontra-se a recrutar mais pessoal, e estabeleceu relações colaborativas com as Universidades do Minho, de Évora e do Porto. A ideia é criar programas de intercâmbio, mas também captar os recém doutorados destas instituições – em Português e não só, uma vez que planeia expandir para além da língua e cultura – para ensinarem a tempo inteiro na CityU. A instituição planeia ainda lançar uma licenciatura em Finanças.
Um ano após a abertura dos programas de mestrado e doutoramento focados nos Países de Língua Portuguesa, Shu Guang Zhang faz um bom balanço. “Estamos a rever o seu primeiro ano de estudos para podermos emendar e melhorar os nossos programas para o segundo ano”, disse.
Noutra linha, o representante da instituição mostrou-se esperançoso de lançar laboratórios de pesquisa em conjunto com a Universidade de Évora. Mas mais voltados para a aplicação de diferentes ciências e tecnologias para propósitos de, por exemplo, cuidados dos idosos.
O reitor frisou que, para além das ferramentas linguísticas, é importante os estudantes compreenderem os países de língua portuguesa para que no futuro sirvam de ligação com os seus pares nessas partes do mundo.
Timor-Leste tem “grande potencial”
Para além dos laços com Portugal, admitiu que “ainda não [ter desenvolvido] relações muito substanciais com países de língua portuguesa, excepto com Timor-Leste”. O reitor frisou, porém, que já realizou visitas ao país, tanto a representantes do Governo, como da Universidade Nacional de Timor e também a uma universidade privada, e está a tentar ajudar a Universidade Nacional a desenvolver educação para o turismo.
“Esperamos começar com bolsas de estudo e estamos a fazer pesquisa, por isso formámos uma equipa de aprendizagem experiencial. Esperamos no futuro próximo enviá-los a Timor para explorarem o local e que projectos de turismo podem ser desenvolvidos. Para propósitos de aprendizagem, não comerciais”, explicou.
O docente acredita que Timor-Leste “tem grande potencial” e “preparado para descolar economicamente”. Nesse sentido, a UCM vai acolher uma conferência sobre o país no próximo ano. “Não temos nenhuma relação com outros países de língua portuguesa. Esperamos no futuro poder vir a ter. Somos uma universidade pequena, temos recursos limitados e só podemos fazer uma coisa de cada vez”.
Shu Guang Zhang reconheceu que até ao momento não há muita cooperação entre as instituições locais de ensino superior, uma vez que estão a passar por fases e desafios diferentes. Mas mostrou vontade de aprofundar os laços. “Esperamos todos trabalhar juntos para desenvolver a educação em Macau. Vai dar um grande salto nos próximos anos, especialmente com a nova lei e acho que isso vai mudar a dinâmica do ensino superior em Macau”.
O reitor sublinhou que dada a dimensão de Macau não quer gastar recursos a competir com os outros. A vontade é clara, e orientada para uma estratégia de desenvolvimento diferenciado. Por um lado, através de um enfoque em artes, humanidades e ciências sociais, com as ciências e tecnologias em apoio dessas áreas. Por outro, ao seguir o que outras universidades metropolitanas fazem.
Estreitada cooperação com Fórum
A Universidade Cidade de Macau e o Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa assinaram um acordo de cooperação e promoveram uma palestra sobre os perfis dos países que integram o Fórum. “A China tornou-se o maior parceiro comercial dos Países de Língua Portuguesa na área do investimento directo”, disse a secretária-geral do organismo, Xu Yingzhen, frisando ainda a importância da formação de bilingues para Macau realizar o seu papel como plataforma.Salomé Fernandes – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”
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