Contra a opinião dominante nos
nossos “media” – cuja tendência para falar negativamente do espaço lusófono em
geral e de cada país lusófono em particular se mantém, o que só denota o
crescente desfasamento entre a opinião pública e a opinião publicada –, registamos
de forma positiva as conclusões da XI Conferência
de Chefes de Estado e de Governo da CPLP: Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, que terminou no primeiro
dia de Novembro do corrente ano, em Brasília.
Antes de mais, saudamos a
proposta lançada pelas autoridades portuguesas, visando a “liberdade de
residência” para os cidadãos da CPLP. Tendo consciência de que essa não será
uma medida exequível no imediato, ela deverá ser, naturalmente, uma das
prioridades de médio-longo prazo, em prol da consagração do “passaporte
lusófono”, já defendido, entre outros, por Agostinho da Silva.
De igual modo, saudamos a proclamada
aposta na cooperação económica. O espaço lusófono é, antes de tudo o mais, um
espaço linguístico e cultural, mas só terá a devida projecção a nível global se
for também um espaço de crescente cooperação económica para o desenvolvimento sustentável, em prol de um outro
paradigma político e ecológico. Também nesse plano, o espaço lusófono poderá
fazer a diferença, podendo ser inclusive um bom exemplo para outros blocos
geopolíticos do mundo: um bom exemplo de comércio justo e de maior respeito
pela natureza.
Como ponto menos positivo, registamos a situação da Guiné-Equatorial, que,
se por um lado, tem dado alguns passos, ainda não suficientemente
significativos, em prol do ensino da língua portuguesa no seu território, por
outro, apresenta ainda um claro défice no respeito dos direitos humanos, plano
em que, infelizmente, não está só. Também nesse plano, há muito caminho a
trilhar. Muitos dos países de língua portuguesa estão ainda longe de serem
verdadeiros Estados de Direito, em que se realmente se respeitam os direitos
humanos – o que está muito para além da mera abolição da pena de morte.
Esta tem sido
uma questão fetiche para os nossos “media”, sempre prontos a encontrarem novas
armas de arremesso contra a CPLP, mas está muito longe de esgotar a questão do
respeito dos direitos humanos. Mesmo que a Guiné-Equatorial tivesse entretanto
abolido a pena de morte, não seria já, apenas por isso, um verdadeiro Estado de
Direito. De igual modo, não é por outros países de língua portuguesa a terem já
abolido que merecem esse qualificativo. Para além dos enviesamentos mediáticos,
temos plena consciência que a CPLP, já com vinte anos de existência, tem ainda
um longo caminho a trilhar para se cumprir. Que os bons sinais que saíram desta
Cimeira se confirmem, ao contrário do que muitas vezes aconteceu nos últimos
vinte anos – eis o sincero desejo de todos os pró-lusófonos.
MIL: Movimento Internacional Lusófono
www.movimentolusofono.org
14 comentários:
Acho que o sentido positivo do comunicado, está bem, tendo em conta a atmosfera comunicativa sobre o assunto.
alexandre banhos
Concordo.
Acrescentaria ainda outro ponto positiv,o que foi a proposta de ser requerido à ONU a adoção do português como língua oficial dessa organização Mundial.
Cordiais saudações Lusófonas,
Jorge da Paz Rodrigues
Concordo com o conteúdo e teor da proposta.
Ao contrário do que alguns arautos da opinião publicada pensam, um "passaporte lusófono" não é, não tem que ser e não faz sentido que seja um mero acesso a Schengen. Não é isso, é muito mais do que isso.
Saudações,
Luís Lóia
concordo com o proposto mas lamento que não seja mencionada a AGLP ira preterida pela CCG
Plenamente de acordo.
Concordo com o "passaporte lusófono", mas não a proposta em nome de Portugal da "liberdade de residência"
O falar a mesma língua só por si não chega, para a construção da paz do respeito e dos direitos humanos entre os países do mundo lusófono.
Cedo demais para uma proposta de Portugal que tem o dever acima dos demais países da CPLP, de respeitar os direitos humanos essenciais, para que o seu povo seja tratado com dignidade que merece, aos olhos do mundo construtor da paz e da fraternidade.
A construção do mundo lusófono passa pelo combate à miséria da vida dos seus povos.
Korsang Di Melaka
CONCORDO COM A LIBERDADE DE RESIDÊNCIA DESDE 1UE RESPEITADAS AS LEIS CONSTITUÍDAS EM CADA PAÍS, O FATO DE FALAR O MESMO IDIOMA POR SI SÓ NÃO PODE SERVIR DE PASSAPORTE.
PORTANTO CONCORDO COM A PROPOSTA DESDE QUE, AS LEIS LOCAIS NÃO SEJAM DEVIDAMENTE OBSERVADAS E RESPEITADAS PELO PRETENDENTE.
SAUDAÇÕES - VITORINO MORGADO
Concordo plenamente.
Boa tarde,
Concordo.
Abraço
Maria de Deus Manso
Concordo com o conteúdo da proposta, em especial na parte que respeita à Guiné-Equatorial e à necessidade de defender o Estado de direito material.
Parece-me bem.
Bom fim de semana a todos.
LBT
Fantástico este parágrafo:
"Como ponto menos positivo, registamos a situação da Guiné-Equatorial, que, se por um lado, tem dado alguns passos, ainda não suficientemente significativos, em prol do ensino da língua portuguesa no seu território, por outro, apresenta ainda um claro défice no respeito dos direitos humanos, plano em que, infelizmente, não está só. Também nesse plano, há muito caminho a trilhar. Muitos dos países de língua portuguesa estão ainda longe de serem verdadeiros Estados de Direito, em que se realmente se respeitam os direitos humanos – o que está muito para além da mera abolição da pena de morte."
Voto a favor.
Concordo no geral.
Quanto ao passaporte lusófono, que acho uma ideia linda!
Porém quem for para um novo território deve respeitar os hábitos e leis locais. Inserindo-se harmonicamente na sociedade.
Sendo razão para expulsão atitudes de supremacia colonial/rácica, formação de guêtos e outros horrores. Que além do mais até pouco têm a ver, com a natureza verdadeiramente portuguesa.
Abraço MIL
De modo geral concordo com o MIL mas...
Temos vivido constantemente numa dualidade de relações.O Mundo espalhou-se pelo cantinho ocidente da Península Ibérica criando a Lusitânia. Desta surge mais tarde, Portugal. De seguida Portugal espalha-se pelo Mundo criando a Lusofonia. Agora o Mundo volta-se a espalhar por Portugal. Temo apenas que nesta equação se negligencie uma premissa essencial que terá entretanto surgido, a Portugalidade.
A questão sensível, no meu ponto de vista é, a criação de condições para uma coexistência harmoniosa e respeitante entre a Lusofonia e Portugalidade o que me parece que por vezes escapa ao MIL.
Cumpts,
João Ribeiro
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