A Assembleia Nacional Popular (ANP) da Guiné-Bissau vai ser na segunda-feira o palco do embate político entre o PAIGC e o grupo de 15 deputados que foram expulsos do partido e ameaçam inviabilizar o Governo.
Na sequência da expulsão, a Comissão Permanente da ANP retirou-lhes os mandatos na sexta-feira, mas num encontro com apoiantes, hoje, num hotel de Bissau, o grupo dos 15 anunciou que vão estar no parlamento.
"Pedimos a todos para nos acompanhar a resgatar a verdadeira cultura democrática na ANP", referiu Braima Camará, um dos militantes que contesta a direção do partido.
"Amanhã falamos na Assembleia", acrescentou.
Por outro lado, Domingos Simões Pereira, presidente do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), também apelou no sábado à concentração de militantes fieis junto ao parlamento, onde o PAIGC quer sentar novos deputados para aprovar o programa do seu Governo.
Domingos referiu que, apesar das divisões internas, pretende levar a presente legislatura até ao fim, em 2018, promovendo a governabilidade do país, beneficiando do apoio que tem sido declarado pela comunidade internacional desde que foi eleito.
O grupo dos 15 contestatários juntou-se à oposição e inviabilizou em dezembro a aprovação do programa de Governo (ato que o partido entendeu como uma "traição") e ameaça fazer o mesmo na segunda votação, na segunda-feira.
O segundo chumbo do programa implica a queda do Executivo - o que, a acontecer, faria dele o terceiro governo a cair em meio ano.
No encontro com apoiantes, o grupo contestatário pediu hoje a demissão do presidente do PAIGC, Domingos Simões Pereira, e defendeu as posições assumidas pelo Presidente da República, José Mário Vaz - crítico de Simões Pereira e que o demitiu do cargo de primeiro-ministro em agosto com base em desconfianças e suspeitas pessoais.
"Devemos um agradecimento a alguém que hoje não é compreendido", referiu Braima Camará numa alusão ao Presidente da República e comparando o decreto que demitiu o Governo de Domingos a uma "segunda declaração de independência" da Guiné-Bissau.
No rol de ataques, continuou Baciro Djá, outro deputado contestatário (primeiro-ministro escolhido pelo Presidente Vaz, em agosto, num curto Governo que acabou considerado inconstitucional) que classificou o presidente do PAIGC e o presidente da ANP, Cipriano Cassamá, como dois "loucos" que desrespeitam as leis.
Djá assumiu-se, assim como ao grupo, como aqueles que estão perto do povo e das bases do partido, dizendo-se filho de "djintius" (gentes do povo), enquanto Simões Pereira é filho de "colonizadores", numa avaliação à filiação de cada qual.
Durante o encontro, o grupo dos 15 foi aclamado por centenas de pessoas, às quais distribuiu um folheto de 20 páginas com o símbolo do PAIGC e intitulado "Domingos Simões Pereira: uma liderança falhada".
No documento são resumidas as suspeitas de corrupção e compadrio de que o presidente do partido tem sido alvo, mas sem processos ou diligências as sustentem, acusado de atuar "na base da promoção de grupinhos, fomentando intrigas entre os camaradas" e "afastando destacados dirigentes".
Diário Digital com Lusa
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