"O Estranhíssimo Colosso" é o título da primeira biografia sobre Agostinho da Silva, da autoria de António Cândido Franco, e vai ser apresentada sexta-feira, dia 13, quando passam 109 anos sobre o nascimento do filósofo, no Porto.
Para assinalar a data do nascimento do portuense Agostinho da Silva, que defendeu a Lusofonia e a criação de um passaporte lusófono, o escritor e professor de Literatura Portuguesa na Universidade de Évora, António Cândido Franco, apresenta "O Estranhíssimo Colosso", em Lisboa, na Livraria Bertrand Picoas Plaza, com o apoio da Associação Agostinho da Silva.
Editada pela Quetzal, é "a primeira biografia que se faz sobre este pensador português", disse hoje à Lusa Renato Epifânio, da Associação Agostinho da Silva, especialista e investigador da obra do filósofo.
Segundo Renato Epifânio, havia alguns períodos da vida de Agostinho da Silva que se podiam considerar "buracos negros", designadamente quando andou pelo Uruguai e pela Argentina, fases da vida do pensador português que dificultavam o trabalho aos biógrafos.
António Cândido Franco, que conheceu pessoalmente Agostinho da Silva, debruçou-se "a fundo" sobre a biografia do filósofo, durante três anos.
As duas últimas frases da obra "O Estranhíssimo Colosso" são: "Tenho os braços desfeitos. Escrever uma biografia de Agostinho da Silva é andar com o mundo ao colo".
George Agostinho Baptista da Silva nasceu a 13 de fevereiro de 1906, na travessa Barão de Nova Sintra, freguesia do Bonfim, no Porto, numa família da pequena burguesia originária do sul do país. Frequentou Filologia Clássica na Faculdade de Letras da Universidade do Porto e concluiu a licenciatura com 20 valores.
Morreu há 20 anos, com 88 anos, a 03 de abril de 1994, em Lisboa, no Hospital de São Francisco Xavier.
Professor particular de Mário Soares, na juventude do ex-Presidente da República, visita assídua da casa do ex-ministro da Justiça Laborinho Lúcio, admirado pelo ensaísta Eduardo Lourenço, Agostinho da Silva foi "corrido do ensino", em Portugal, em plena ditadura do Estado Novo, quando se negou a assinar um documento de compromisso a não pertencer à maçonaria. Optou então pelo exílio, na década de 1930, em Madrid, até à eclosão da Guerra Civil de Espanha e, depois, na América do Sul, a partir de meados dos anos 40.
Agostinho da Silva viveu no Uruguai, em 1945, onde lecionou História e Filosofia em escolas livres de Montevideu, viveu também na Argentina, em 1946, onde organizou os cursos de Pedagogia Moderna para a Escola de Estudos Superiores de Buenos Aires e fixou-se no Rio de Janeiro, Brasil, entre 1948 e 1952, país onde fundou várias universidades.
Liberdade era algo que o filósofo portuense entendia como algo inerente ao próprio homem e, por isso, afirmava que a sociedade não tinha mais nada que fazer se não "proporcionar as condições para que essa liberdade pudesse ser exercida", disse à Lusa a responsável pelo Departamento de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Celeste Natário.
Para Agostinho da Silva, o trabalho não deve ser entendido como algo que torna a nossa vida difícil, mas como algo que devemos fazer com prazer.
Há cerca de 50 anos, Agostinho da Silva falava dos meios de comunicação e das novas tecnologias como uma forma positiva de libertar o homem de trabalhos menos interessantes e esse trabalho passaria a ser feito pelas máquinas e os humanos ficariam, sim, reservados a tudo o que tivesse a ver com a criatividade.
As civilizações clássicas foram uma fonte para Agostinho da Silva. Defendeu uma tese sobre "Teixeira de Pascoaes", autor que foi uma referência no seu percurso. Outro, que estudou e muito estimou, foi Fernando Pessoa, que chegou a conhecer em Lisboa.
A apresentação de "O Estranhíssimo Colosso" tem início pelas 18:30, na Livraria Bertrand Picoas Plaza, em Lisboa, com o apoio da Associação Agostinho da Silva.
Agência Lusa
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