Desde há
muitos anos que faço a mim próprio a seguinte pergunta: haverá algo de errado
com o meu nome? É que, considerando a frequência com que – involuntariamente ou
não – o alteram, essa hipótese deve ser colocada. Terá a ver com a minha voz,
com a forma como o digo, o pronuncio? Dever-se-á, quando o escrevo, à minha
letra «arrevesada»?
A verdade é
que já confundiram Octávio com Acácio, António, Ary,
Cláudio, Eduardo, Fábio, Gustavo, Orlando, Osvaldo, Ricardo. E, sim, até Octaviano.
Por brincadeira (de mau gosto) já me chamaram «Otário» e «Ovário». Numa
livraria, mais concretamente numa etiqueta no meu livro «Visões», vi...
«Ostávio». Num recibo de farmácia... «Orávio»! Durante cerca de dez anos
não recebi os avisos de pagamento do Imposto Municipal sobre Imóveis relativo a
um de que sou co-proprietário porque, no remetente, estava «Ocatvio»; aos
«competentes» funcionários da repartição de finanças da minha área não lhes
ocorreu, durante todo aquele tempo em que as cartas lhes eram devolvidas, que,
provavelmente era «Octávio» mal escrito, com o «t» fora do sítio…
Com os meus
apelidos também tive – e ainda tenho – problemas. Antes de mais, se alguém se
chama Octávio José Pato dos Santos é certo e sabido que não escapará às
alusões… zoológicas. Na década a seguir ao 25 de Abril de 1974 foram vários os «patinho», «patolas» e «quá quá» que ouvi… entremeados com
o ocasional, mas inevitável, «caixa de óculos». E «comuna», ainda por cima: imagine-se
o que é, durante o «Verão (e a Primavera, e o Outono) Quente», estar na escola
e os colegas descobrirem que me chamava Octávio Pato, e que era mesmo parente –
no caso, primo em terceiro grau – do dirigente, com o mesmo nome, do Partido
Comunista Português. E não por acaso, não por coincidência: foi em homenagem a
ele que os meus pais me deram o nome… e também porque «Alexandre», a primeira
escolha, já tinha sido «tomado» pelo meu (primeiro de três) primo direito,
nascido pouco tempo antes…
Infelizmente,
e ao contrário do acne e das borbulhas (que nem tive por aí além), os erros no
nome não desapareceram com o final da adolescência. Em 2013 (exactamente, no
ano passado), numa sessão de autógrafos na Feira do Livro de Lisboa, tive
direito, como autor, a uma fotografia nos cartazes feitos pela distribuidora (a
minha editora dos dois livros então em destaque não tinha pavilhão próprio); só
que… o nome por baixo dessa fotografia – que também foi divulgada online – era
«Octávio de Matos»! Além de um actor, também me «confundem» com um ex-jogador e
treinador de futebol: em 2014 (exactamente, este ano), um outro escritor, que
muito estimo, autografou-me um dos seus livros escrevendo «Octávio Machado»…
apesar de saber – ou de dever saber, porque já havíamos contactado várias vezes
– que o meu apelido é «dos Santos». Pouco tempo depois, um sítio brasileiro que
de vez em quando reproduz (alguns d)os meus textos do Obamatório identificou-me
como «Octávio de Souza» - algo tanto mais estranho porque nas ocasiões
anteriores escreveram correctamente o meu nome.
Evidentemente,
o erro mais comum é «Otávio»… e isto já acontecia com alguma regularidade antes
do «aborto pornortográfico». Mas, obviamente, a incidência aumentou depois da
implementação, da imposição, do dito cujo. Porém, o pior «Otávio» que me
aconteceu foi em 1987, na primeira versão do artigo «Os Novos Descobrimentos»…
não, não foi a que saiu no Diário de Notícias Magazine em 1988, mas sim um ano
antes n’O Século. O meu nome foi cortado «a meio» (sem apelido) e sem «c» no
próprio… embora, ao menos e felizmente, o do meu amigo Luís Ferreira Lopes
aparecesse completo e sem erros. Que «melhor» se poderia esperar para o meu
primeiro texto publicado num jornal de âmbito nacional? É por estas e por
outras que, sempre que me perguntam o nome, eu faço questão de carregar no «c»
quando respondo…
Nem todos os
«Otávio» são acidentais: há quem escreva erradamente o meu nome deliberadamente
como forma de me apoucar, de me insultar. Talvez pensem que, retirando o «c»,
me «castrem» simbolicamente, como se me cortassem os c*lh**s. Um dos mais
notórios adeptos dessa práctica é, como já referi mais do que uma vez, o (ex-) embaixador Francisco Seixas da Costa. Este ainda mostrou alguma (não muita) «elegância»
ao fazê-lo, resultante sem dúvida dos seus muitos anos de «diplomacia». No
entanto, outros há que têm na alarvidade, na boçalidade, na mais completa
grosseria e filha-de-p*t*c* o seu «estilo» preferencial….
… Como um tal
de Artur Costa, que numa «posta» do seu blog O Linguado (e reincidindo nos
remoques dois meses depois) criticou o meu artigo «Processo Retro-ortográfico sem Curso», publicado a 26 de Dezembro de 2012 no Público. Só recentemente tive
conhecimento da existência do Sr. Costa e da sua «civilidade»: é apoiante do
AO90, e, entre outras «flores de retórica», lançou-me as de que eu sou um
«homem de fronha deslavada» (pois, parece que não sou do tipo que ele prefere),
que costumo «babar(-me) em cima de pessoas» que não conheço, que sou «estúpido»,
«nauseabundo», escrevo «arrotos» e revelo «pobreza de estilo», um «merdoso» que
faz por «segregar» pessoas, «imbecil»; e, porque nem sequer mereço que se
debata o que eu penso (sim, a liberdade de expressão, a troca de ideias, são
conceitos tão «sobrevalorizados»), deveria morrer metendo – ou alguém meteria
por mim – «a cabeça debaixo de um comboio». Para quem não se sente um
neofascista e se indigna perante essa classificação, não há dúvida de que este
«bimbo da Costa» se assemelha bastante a um… Junte-se a tudo isto delírios como
os de os «acordistas» terem «a lei do seu lado» (!) e serem «a maioria dos
portugueses» (!!) e obteremos um «retrato-robot» dos mais eficientes «autómatos»
que obedecem às ordens de Malaca Casteleiro e dos outros «engenheiros de almas»
formados durante o «admirável» Estado Novo.
Em resumo: podem
(mas não devem) escrever mal o meu nome, mas não pensem que eu não estarei
pronto para vos corrigir… e não só na ortografia.
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