Alguns continuam a defender
que a nossa tradição filosófica e cultural é pobre, mas a NOVA ÁGUIA persiste
em provar que assim não é. Não pretendendo afirmar que essa tradição filosófica
e cultural é “melhor do que as outras” – nunca foi esse o nosso espírito –,
procuraremos apenas demonstrar que ela é uma tradição rica, digna de ser
honrada. Assim, claro está, a conheçamos.
No décimo número da NOVA
ÁGUIA, mantemos essa demanda, destacando, desde logo, Leonardo Coimbra, por
ocasião dos 100 anos d’O Criacionismo,
uma das obras mais marcantes da nossa tradição filosófica. Leonardo Coimbra
foi, como é sabido, uma das figuras maiores da “Renascença Portuguesa” – cujo
centenário igualmente neste ano se comemora, conforme salientámos no número
anterior. Enquanto Professor da Faculdade de Letras do Porto, foi ele, de
resto, o grande “Mestre” de alguns autores de referência da Filosofia
Portuguesa – nomeadamente, Álvaro Ribeiro e José Marinho (por nós evocados no
oitavo número).
A par de Leonardo Coimbra,
destacamos neste número Dalila Pereira da Costa – falecida em Março deste ano.
Tal como fizemos com António Telmo (no sexto número), a NOVA ÁGUIA homenageia
assim aqueles que, nas últimas décadas, mais têm contribuído para o
enriquecimento da nossa tradição filosófica e cultural. E Dalila Pereira da
Costa foi, sem dúvida, uma das autoras que nos deixou uma Obra maior, que
certamente continuará a interpelar as próximas gerações.
Para além destes dois autores,
neste número destacamos ainda duas figuras mais antigas mas, nem por isso,
menos relevantes: Manuel Laranjeira e João de Deus. Sobre João de Deus,
publicamos alguns textos apresentados num Seminário que se realizou, em Abril
deste ano, sobre a sua Obra, que tão inspiradora foi para a geração da
“Renascença Portuguesa”. Sobre Manuel Laranjeira, por ocasião do centenário do
seu falecimento, publicamos alguns textos que, não por acaso, salientam a
actualidade da sua Obra. Como não nos cansamos de dizer, a NOVA ÁGUIA,
enraizando-se numa tradição, nunca teve um olhar passadista – quando se volta
para o passado, é para repensar o nosso presente e, sobretudo, abrir horizontes
de futuro.
Como sempre tem acontecido,
também neste número houve espaço para desenvolver outros temas e evocar outros
autores – Teixeira de Pascoaes, desde logo, por ocasião dos 100 anos d’O Saudosismo (recordamos que o Poeta da
“Renascença Portuguesa” foi o autor de capa do quarto número da revista), mas
também Faria de Vasconcelos, nos 100 anos da sua morte, e Milton Vargas,
insigne filósofo brasileiro recentemente falecido, que, como recorda António
Braz Teixeira, foi «membro destacado do que se convencionou designar por
“Escola de São Paulo”, movimento especulativo desenvolvido na capital paulista,
durante a década de 50 e 60 do século XX, em torno do Instituto Brasileiro de
Filosofia».
Para além das secções habituais da
Revista, que se mantêm, neste número inauguramos uma nova, “Noticiáguio”, que,
mesmo a fechar, regista alguns acontecimentos dignos de nota. Como sempre, ficaram
muitos textos de fora – salientamos, em particular, dois conjuntos textuais
sobre dois Poetas, Ramos Rosa e Couto Viana, que iremos publicar já no próximo
número, que terá como tema maior o Mar, na sua relação com a nossa Cultura, com
a nossa Língua, já que, seguindo o lapidar mote de Vergílio Ferreira: “Da minha
língua vê-se o mar”. No décimo número da NOVA ÁGUIA, poderíamos, talvez, ter um
registo mais comemorativo – afinal, não são muitas as revistas deste cariz que
atingem esta marca. Mas, também aqui, preferimos olhar para o futuro – quando
chegarmos ao centésimo número, faremos, então sim, um número comemorativo. Fica
desde já prometido.
A
Direcção da NOVA ÁGUIA
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