A situação – que foi investigada pelo Centro de Gestão da Rede Informática do Governo (CEGER) - deu origem, ontem, a uma queixa da Associação de Professores de Educação Visual e Tecnológica (APEVT) que esta quinta-feira decidiu denunciar publicamente o “ataque ao Portal do Governo”, em comunicado divulgado no Facebook.
“Os testes não encontraram quaisquer indícios de ataque informático ou de utilização de software malicioso que permita automatizar o processo de voto, tratando-se apenas de uma quebra das regras de boa-fé que regem o processo, prontamente identificada pelas salvaguardas existentes no sistema”, frisou Marta Sousa em nota escrita enviada ao PÚBLICO.
Ao princípio da tarde, a mesma responsável dizia-se convicta de que o aumento do número de apoiantes de alguns movimentos resultava “de uma campanha de promoção viral, lançada num momento de regresso de muitas pessoas a casa e ao trabalho, depois de férias”.
“O Meu Movimento” é uma iniciativa do Governo que permite aos cidadãos defenderem uma determinada causa e, depois, reunirem apoiantes. À semelhança do que aconteceu na primeira edição, na segunda, que teve início este mês, o promotor do movimento que vier a conseguir mais votos terá uma audiência com o primeiro-ministro.
Na primeira edição a APEVT ficou em segundo lugar e agora apresenta-se de novo a concurso, em defesa da manutenção da disciplina de EVT nos currículos do 2º ciclo do ensino básico.
No comunicado com o título “Ataque ao Portal do Governo”, a direcção daquela associação de professores disse não responsabiliza pela “estranha situação” os promotores dos oito movimentos beneficiados (que defendiam causas tão diversas como “a tara recuperável nas garrafas”, a oferta de benefícios aos estabelecimentos que optem por vender produtos nacionais e o reforço da democracia directa.
Marta Sousa disse, também que não há “qualquer indicação de que os movimentos afectados” tenham participado na tentativa “de contornar o sistema, que obriga apenas ao registo de um e-mail ou página de Facebook”. Com aparente ironia, a coordenadora fala em “empenho em excesso” no debate desejado pelos promotores de O Meu Movimento, por parte de quem criou as contas de e-mail e votou 10676 vezes.
Segundo diz, foi possível identificar “claramente quais os votos irregulares” o que possibilitou a sua eliminação e permitiu evitar a solução que adiantara como possível ao princípio da tarde – colocar todas as votações a zero, caso se confirmasse a existência de irregularidades. A votação do movimento que irá reunir com o primeiro-ministro na segunda edição prossegue, portanto, e, segundo Marta Sousa, “decorre até ao fim de Outubro”.
Ao PÚBLICO, o presidente da APEVT, José Alberto Rodrigues, classificou a solução como “sensata e aceitável”. “Também acreditamos que não se tratou de uma iniciativa de qualquer dos movimentos beneficiados pela votação anormal. O mais provável é que tenha sido uma brincadeira de mau gosto de alguém que quis testar a vulnerabilidade do sistema”, referiu.
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