Recordamos Goa. Cinquenta anos depois da sua integração na União Indiana. Esquecemos um tanto as violências que caracterizaram a formação de um Império Português no Oriente desde o Século XVI. Inevitáveis na formação de qualquer império. Que foram muitas, claro. E que não devem ser ignoradas, porque a História deve ser conhecido em todas as vertentes possíveis. Lembramos, acertadamente, a falta de capacidade de Salazar em compreender que novos tempos tinham chegado nas décadas de 1950 e 1960. O que conduziu à ocupação. Inúmeros jornais e revistas estão a publicar (e bem!) extensos e profundos artigos sobre o tema. Realçam a sobrevivência da Cultura Portuguesa. Em particular, da Língua de Camões. E assinalam o facto. Uma e outra vez. E lamentam que esteja em perigo. Tanta cobertura noticiosa faz vir ao de cima o "sentir" português. Uma certa saudade, com uma memória persistente, um orgulho envergonhado, uma alegria quase provinciana. E os preconceitos. Uma atitude que leva a sobrevalorizar o Português de Goa. Ou, simplesmente, de forma saudável, o que dele resta. E a desejar que não se perca. Mas que leva a quase silenciar o renascimento do Português em Olivença, defndido desde 2008, com acuidade e persistência, por uma associação local, o "Além Guadiana". Que tem no seu "palmarés" realizações notáveis. Como a recuperação dos nomes tradicionais portugueses de cerca de setenta ruas. Não se pretende comparar o que não é comparável. As situações políticas e históricas de Goa e Olivença são totalmente distintas. Mas... não é distinto o valor por que se reclama, e luta, e resiste. A cultura. A língua. A história comum. Mais em Olivença, afinal, do que em Goa. Pobre inteletualidade portuguesa. De vistas demasiado largas para ver o que tem ao pé da porta, ou das portas para dentro. Pobre Olivença, que tem a má sorte de não ficar em terras exóticas
Estremoz, 19 de Dezembro de 2011
Carlos Eduardo da Cruz Luna
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