O receio de muitos manifestantes e analistas é o mesmo: trata-se de uma mudança de liderança, ou de uma mudança de regime? Por vias das dúvidas no próprio dia em que se anuncia a demissão de Mubarak os EUA e Israel decidem encerrar as respectivas embaixadas e evacuar os seus diplomatas, estando o poder entregue aos militares, que no decorrer da revolta ainda não se sabe exactamente de que lado estavam e urgindo a maior força da oposição, a Irmandade Muçulmana, que o poder seja entregue a um governo civil o mais rapidamente possível, é natural que as representações diplomáticas dos mais influentes intervenientes nas querelas do Médio Oriente (EUA e Israel) prefiram jogar pelo seguro até terem certeza do que se passa.
Uma das primeiras nações a regozijar-se com a saída de Mubarak foi a República Islâmica do Irão, cuja representação diplomática em solo luso, por coincidência, levava a cabo uma recepção no mesmo dia em que era entregue o poder aos militares egípcios.
A percepção dos persas, indicou-nos uma fonte da embaixada, é de que o Egipto pode bem ser o primeiro passo na mudança da balança do poder na zona, para a maior parte dos governos da área o regime egípcio era visto como pró-Ocidente (pró-americano, entenda-se), a cair o regime (o que recordo ser ainda incerto, de momento só se afastou a sua figura de proa) isso será encarado como fruto da vontade popular numa nova realidade geopolítica, uma realidade na qual surjam novos líderes (islâmicos, ou não) que não sejam vistos como meros lacaios dos EUA ou de Israel mas como legítimos representantes dos povos e das nações do Médio Oriente. A ver vamos.
O Diabo, Jornal Independente
15 de Fevereiro, 2011.
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