A ONU lançou recentemente um projeto muito interessante intitulado "Universidade do Povo" (University of the People). Basicamente, trata-se de um sistema de ensino à distância através da Internet. Existem sistemas de ensino à distância desde pelo menos meados dos anos setenta usando videogravadores, programas de televisão e rádio, mas com o advento e ubiquação da Internet criou-se uma nova janela de oportunidade que ainda não foi completamente aproveitada, uma oportunidade onde este modelo de universidade da ONU se encaixa plenamente... Já que a "Universidade do Povo" funciona apenas pela Internet e não cobra qualquer tipo de propinas.
A "Universidade do Povo" admite inscrições a qualquer pessoa que tenha completado o ensino secundário e tenha um bom domínio da língua inglesa, tendo como principal objetivo oferecer educação de nível universitário a estudantes que não estão em condições económicas de o sustentar, quer porque não se podem deslocar às cidades, capitais ou países, onde as instituições universitárias funcionam, quer porque não podem pagar as propinas elevadas associadas com este nível de ensino.
A "Universidade do Povo" arrancou com apenas dois cursos: um de Gestão de Empresas e outro de Ciências da Computação. Contudo, nenhum país do mundo está a reconhecer estes cursos e as cadeiras aqui leccionadas não permitem que se peçam equivalências para outros cursos universitários em instituições mais convencionais, o que limita grandemente os efeitos práticos deste projeto da ONU e é com efeito, a sua maior dificuldade e obstáculo para o sucesso.
A universidade realizar - naturalmente - apenas aulas online, via Internet. Divide os alunos em turmas entre 15 e 20 que discutem e partilham experiências através de fóruns e instant messaging. Cada turma é acompanhada por académicos e pós-graduados que orientam os cursos, leccionam as matérias e esclarecem dúvidas.
Não existem propinas (sendo esse um dos objetivos principais da "Universidade do Povo"), mas cada aluno tem que pagar uma taxa de admissão que varia de país para país, e que varia entre os 10 e os 50 dólares.
O projeto da ONU será auto-sustentável logo que alcance 15 mil alunos, ou seja, quando tiver reunido 4,3 milhões de dólares e está atualmente a funcionar a partir de uma doação de um milhão de dólares do fundador e presidente da "Universidade do Povo", o israelita Shai Reshef.
Proposta:
A partir deste modelo da "Universidade do Povo" da ONU, elaborar uma proposta para a fundação de uma "Universidade Lusófona na Internet" (ULI) ou "Universidade da CPLP" em que o ensino seria totalmente virtual, assim como os próprios órgãos administrativos da instituição. O projeto teria que brotar no seio da CPLP, com o beneplácito e acordo prévio dos ministérios da Educação de todos os países lusófonos, de forma a ultrapassar a maior barreira desta "Universidade do Povo", que é a falta de reconhecimento dos seus graus académicos.
À semelhança da "Universidade do Povo", o objetivo essencial seria o de levar um ensino de grau universitário a quem - por várias razoes - não o pudesse sustentar. Como requisitos haveria o domínio da língua portuguesa, a finalização do ensino secundário e o acesso à Internet.
Todos os meios de ensino seriam virtuais e não teriam que existir secretarias, escritórios centrais ou reitorias em edifícios de cimento e betão armado. Usar-se-íam apenas meios gratuitos ou open source como forma de minimizar os custos, havendo contudo a liberdade para o estabelecimento de parcerias com entidades privadas para o fornecimento de produtos e serviços a custos zero ou para a realização de contribuições regulares ou extraordinárias.
O essencial do ensino seria realizado através de "salas de conversação" seguras e de acesso reservado, com clientes de Instant Messaging padrão no mercado (como o Live Messenger da Microsoft ou o Yahoo Messenger) se estas empresas acedessem a colaborar nos custos de desenvolvimento e operação do projeto. Ou entoo, caso contrário, Usar-se-íam clientes de open source, correndo em sistemas Linux, como o Caixa Magica português ou o Connectiva brasileiro.
Um dos pontos fulcrais para o sucesso deste projeto seria - para além do apoio da CPLP - a acessibilidade à Internet. Um dos seus aspectos, o terminal de acesso poderia ser amplamente satisfeito pela utilização de netbooks como o Magalhães português ou um Netbook que custo ainda mais baixo como o Aspire One. O custo de aquisição destes equipamentos seria suportado pelo próprio (com um preço especial, decorrente da economia de escala) ou subsidiado pelos governos ou empresas parceiras. O custo do acesso à Internet seria financiado ou através de parcerias com empresas de acesso à Internet a custos muito baixos e em troca do envio por mail de publicidade direccionada ou subsidiada ou paga pelo próprio, em modelos que poderiam variar de país para país, conforme o modelo de sustentação económica disponível.
Os cursos lecionados por esta Universidade Lusófona na Internet ou da CPLP teriam - numa primeira fase - de serem universais a todos os países lusófonos, isto é, deveriam ser de áreas técnicas e não humanísticas, nomeadamente das áreas das engenharias e da informática e da gestão. Numa segunda fase, cursos de filosofia, História e Artes seriam também lecionados, mas como todos os cursos seriam de âmbito lusófono, as matérias não se limitariam apenas à história ou cultura de um dado país, mas seriam sempre de âmbito universalista.
Fonte:
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1381990
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