Professor Doutor Adriano Moreira
Vice-Presidente da Academia das Ciências de Lisboa
Exmo Senhor
D. Duarte Nuno de Bragança
Exma Senhora
Embaixadora de Timor-Leste
Natália Carrascalão
Exmos Senhores
Embaixadores dos restantes membros da CPLP
Reverendíssimo
D. Carlos Ximenes Belo
Distintos Académicos e demais Autoridades
Minhas Senhoras e meus Senhores
1. Cumpre-me, em primeiro lugar, agradecer à Academia das Ciências o ter aceite, uma vez mais, ser a anfitriã desta Cerimónia – o da entrega do Prémio Personalidade Lusófona do Ano 2010, prémio promovido pelo MIL: Movimento Internacional Lusófono.
2. No ano passado estivemos aqui para homenagear o ex-Embaixador do Brasil na CPLP, Lauro Moreira – por todo o seu distinto trabalho em prol da Lusofonia, da Convergência Lusófona. Esta causa, que é a nossa – a da Convergência Lusófona, a do reforço dos laços entre os países lusófonos, a todos os níveis: não só cultural, mas também social, mas também económico, mas também (não tenhamos medo da palavra) político –, é, a nosso ver, cada vez mais, uma Causa de Futuro. Na perspectiva do MIL, Portugal e todos os outros países da CPLP terão tanto mais futuro quanto mais apostarem num caminho de convergência entre si. Essa é a grande premissa deste movimento cultural e cívico que, em poucos mais de 3 anos, mereceu já a adesão expressa de mais de 5 mil pessoas, de todo o espaço lusófono. Ao longo deste tempo, lançámos já uma assinalável série de propostas: a da criação de uma “Força Lusófona de Manutenção de Paz”, para acorrer a situações como aquelas que se verificaram em Timor-Leste e, mais recentemente, na Guiné-Bissau; a do “Passaporte Lusófono”, em prol da livre circulação de pessoas em todo o espaço da CPLP; ou a do Canal Lusófono de Televisão e do Banco de Cooperação Lusófona, instituições a serem geridas, partilhadamente, por todos os países desta Comunidade. Daí ainda a série de iniciativas que temos promovido: referimo-nos, particularmente, aos vários debates públicos (sobre a CPLP, sobre a situação na Guiné-Bissau, sobre a questão da Galiza ou sobre o estado da nossa República) e ao envio de livros que, através das parcerias que estabelecemos com outras entidades, conseguimos fazer chegar à Guiné-Bissau e a Timor-Leste. Tendo tudo isso sido possível através do empenho e trabalho de várias pessoas – desde logo dos meus colegas da Direcção do MIL: Rui Martins, António José Borges, Eurico Ribeiro, José Pires, Marcos Guedes e Maria Luísa Francisco –, gostaria aqui de salientar o particular empenho e trabalho do Filipe Nobre Gomes, ao longo deste último ano, nomeadamente no que toca à abertura da nossa sede, no edifício da Sociedade da Língua Portuguesa, que aqui saudamos, no dia 18 de Novembro, data em que realizámos a primeira Assembleia Geral do MIL e onde elegemos os nossos órgãos sociais: a Direcção, por mim presidida, o Conselho Fiscal, presidido pelo Carlos Vargas, a Mesa da Assembleia Geral, presidida pelo Miguel Real, bem como o nosso Conselho Consultivo, composto por meia centena de elementos, representativos de toda a Comunidade Lusófona – para além dos nossos sócios honorários: Adriano Moreira, António Braz Teixeira, Elsa Rodrigues dos Santos, Lauro Moreira, Manuel Ferreira Patrício, Pinharanda Gomes e Ximenes Belo. Por todo o seu empenho e trabalho, decidimos, de resto, eleger o Filipe Nobre Gomes como o MILitante do Ano de 2010.
3. Depois de termos homenageado, o ano passado, o ex-Embaixador Lauro Moreira, estamos aqui para homenagear outra grande figura da Lusofonia, da Convergência Lusófona: o Bispo D. Carlos Ximenes Belo. Fazemo-lo não, decerto, por ele ser sócio honorário do MIL – apesar disso nos honrar muito. Também não o fazemos por razões religiosas – já que o MIL não está ligado a nenhuma Igreja, como a nenhum Partido Político. Fazemo-lo, numa palavra, porque ele é, decerto, uma das figuras que melhor personifica o próprio povo timorense – na sua resistência à ocupação indonésia e na sua consequente libertação. Com efeito, a par da resistência armada, a Igreja timorense foi o grande esteio da resistência espiritual e cultural a essa mesma ocupação indonésia, a grande responsável por Timor-Leste ter permanecido um país lusófono. Isto mesmo depois da libertação, da independência. Como todos sabemos, houve muitas vozes a defenderem que Timor-Leste teria mais futuro no espaço anglófono. E porventura teria, imediatamente – pelo menos, do ponto de vista material. Mas, do outro lado, houve ainda mais vozes a defenderem que o futuro de Timor-Leste só poderia estar no espaço lusófono, a defenderem que Timor-Leste será um país lusófono ou não será… Uma dessas vozes, porventura a mais audível, foi, decerto, a do Bispo D. Carlos Ximenes Belo. Por isso hoje o homenageamos. Timor-Leste poderia já não ser hoje um país lusófono – e se tivesse optado por essa via, ninguém em Portugal poderia reclamar – depois de termos abandonado Timor-Leste à sua sorte em 1975, não defendendo devidamente, e como era nossa obrigação, esse território face à eminente ocupação indonésia, que depois se veio a concretizar, com as consequências trágicas que muitos procuraram escamotear mas que nós não esquecemos. Também por isso homenageamos o Bispo D. Carlos Ximenes Belo e, na sua pessoa, todo o Povo Timorense.
Lisboa, Academia das Ciências, Fevereiro de 2011
Renato Epifânio, Presidente do MIL
5 comentários:
Em breve, publicaremos aqui o vídeo da sessão.
Bom discurso, Renato e uma excelente sessão.
Já agora, publica também algumas fotos.
Abraço.
Eu só tirei esta (estava na mesa). Mas houve muita gente a tirar...
Esperemos então, que te as façam chegar.
Abraço.
Caríssimo Renato,
Congratulo-me com a lucidez do teu discurso em homenagem ao Bispo D. Carlos Ximenes Belo, porque a manifestação pública que em Portugal se viu aquando do nascimento da Nação Timorense mostrou o sentimento lusófono que paira na alma dos portugueses. Subscrevo as tuas palavras e junto-me nesta homenagem, a que infelizmente por razões profissionais não tive oportunidade de assistir.
Um abraço MIL-ilitante, Nuno Sotto Mayor Ferrão
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