A Lira Insubmissa volta a falar, por sua vez, na lusofonia. E estas são as considerações do fragmento presente.
181 - "O silêncio não existe. Viver é manter-nos no centro de um fluxo que só a morte interromperá"
Afirmou François Mauriac.
182 - A Lira Insubmissa não acredita, com todo o respeito pelo escritor, em François Mauriac. E contrapõe-no no seguinte raciocínio:
183 - O silêncio é o corpo do som, como o corpo é o objecto do movimento (o movimento aqui como o som) ou como do espaço brota e vive o ser.
184 - E é também que a afirmação de François equivale a esta:
A sala não existe, estar é pisar um metro quadrado de chão por cada vez.
Como? Se todo o metro quadrado dessa sala exprime a sala?
185 - Na lógica poética, o som é a celebração do silêncio, como o ser a expressão do espaço. O espaço move-se através do ser e por via do ser. Isto é, para a Lira Insubmissa, o corpo da lusofonia.
186 - É claro que, se procuramos exactidão, não se pode falar de um só tipo de silêncio, se há um silêncio de se saber ouvir (aquele som para lá do ruído) e outro que se pode conceber como um vácuo e uma anomalia nesse mesmo pano de fundo, e cujo fabrico, reflectido precisamente no ruído, na confusão desordeira e na ausência, nos permite a virtualidade das nações em oposição à vida móvel dos territórios. Da mesma forma que não se pode conceber o ser e o espaço como dois. Pois ser é ser espaço e estar é estar sendo.
187 - A superficialidade suficientemente complexificada atinge os níveis de uma fenda sem fim possível entre o ser e o estar. Mas por enquanto, a lusofonia é simples como um olhar ou orgulhosa como um coração com saudade.
André Consciência
1 comentário:
Excelente, André.
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