Luís Amado, (ainda) ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, admitiu que o processo relativo à suspensão, e posterior
despedimento, do seleccionador nacional de futebol Carlos Queiroz, tal como «tudo o que se passa de mau em Portugal, afecta a imagem do país (...), a imagem de todos nós, das instituições, dos actores e dos agentes desportivos. Tudo o que façamos de mal neste país projecta-se internacionalmente. (...) O país é aberto, o mundo é uma aldeia. Gostaria que esses problemas não tivessem a dimensão que têm, porque o país estaria melhor.»
Deixando de lado por agora o «pequeno» pormenor de um dos principais intervenientes neste caso, para além do Sr. Queiroz, da Autoridade Antidopagem de Portugal e da Federação Portuguesa de Futebol, e que contribuiu assim também para dar uma «má imagem do país», ter sido a Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto dirigida pelo seu colega de governo Laurentino Dias, esta posição de Luís Amado revela uma peculiar perspectiva sobre o que é e o que não é mau para o prestígio de Portugal no estrangeiro. Demonstre-se com quatro exemplos recentes.
O (ainda) ministro dos Negócios Estrangeiros considera má, «lá fora», a polémica em torno de um treinador de futebol... mas já não considerou mau ter
instruído, em 2009, Manuel Maria Carrilho, embaixador de Portugal na UNESCO, a votar em Farouk Hosny para director-geral daquela organização da ONU. O ex-ministro da Cultura, corajosa e sensatamente, recusou, porque o egípcio é um notório anti-semita e censor. Porém, Portugal acabou mesmo por votar nele porque Amado substituiu, naquela eleição, Carrilho por um diplomata do MNE.
Este ano Manuel Maria foi afastado do cargo; uma decisão que não causou surpresa mas cujos pormenores suscitaram polémica, com o marido de Bárbara Guimarães a alegar ter sido informado... pela imprensa.O (ainda) ministro dos Negócios Estrangeiros considera má, «lá fora», a polémica em torno de um treinador de futebol... mas já não considerou mau ter participado, em 2009, nas celebrações dos 40 anos da «revolução líbia» que colocou no poder, até hoje, Muammar Khadaffi. A tal ponto que
Ana Gomes considerou essa presença um «nojo» e uma «vergonha». Uma opinião que se supõe que a eurodeputada do Partido Socialista manteve e reforçou este ano, quando, para além de Luís Amado, o próprio «chefe» de ambos se deslocou mais uma vez a Tripoli, agora para participar no 41º aniversário da referida revolução, e que envolveu até
«festividades» e «noitada».
O (ainda) ministro dos Negócios Estrangeiros considera má, «lá fora», a polémica em torno de um treinador de futebol... mas já não considerou mau ter:
recebido em Lisboa Manuchehr Mottaki, ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão; e «chamado» ao Palácio das Necessidades – no que é uma forma de «repreensão» oficial – o embaixador de Israel em Portugal, Ehud Gol, que criticou, com toda a razão, o acolhimento dado a um representante de um regime repressor e totalitário, alvo de sanções por parte da ONU e da UE por querer ser uma potência nuclear, em que a condenação de mulheres à morte por lapidação é uma prática normal, e cujo dirigente máximo, reeleito fraudulentamente, nega constantemente o Holocausto e ameaça destruir... Israel.
Enfim, isto é o que resulta de se manter relações privilegiadas com ditadores e ditaduras. Com este (des)governo a imagem de Portugal no exterior, mais do que estar verdadeiramente afectada, não está em sintonia com a decência. E Luís Amado pode não ser o «Bem Amado» Odorico Paraguaçu, mas lá que tem ajudado a «enterrar» a (pouca) credibilidade deste país lá isso tem!
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