É um ciclo vicioso: um dos motes mais frequentes do nosso discurso mediático é a anemia da nossa sociedade civil. O que, não sendo uma mentira completa, está muito longe de ser verdade. Ainda que por vezes de forma pouco consistente, a nossa sociedade civil vai dando cada vez mais mostras de iniciativa – em todos os planos, inclusive no plano político. Prova mais consistente disso é a candidatura presidencial do Doutor Fernando Nobre – uma candidatura que emerge efectivamente da sociedade civil, a única que se pode intitular, sem mentir, de supra-partidária, pois que está realmente para além dos alinhamentos partidários (não só, de resto, dos alinhamentos partidários, como dos sectarismos ideológicos).
Pois bem, face a isso, qual a reacção do nosso discurso mediático? O silenciamento, o mais ruidoso silenciamento. O que não surpreende: pelo menos assim, podem continuar com a ladainha do costume. Até que chegue o dia em que se prove, aos olhos de todos, a inanidade dessa ladainha, desse discurso: o dia das eleições…
Até esse dia, eis a ladainha, eis o discurso: “em Portugal, no plano político, nada de efectivo se pode fazer à margem da lógica partidária [dizê-lo com um tom de mágoa]”; “por isso, nestas eleições presidenciais, só há dois reais candidatos [dizê-lo com um tom de enfado]", etc.
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