Douglas Farah, antigo correspondente do “Washington Post” na África Ocidental, é autor de diversos livros sobre a ligação do tráfico de diamantes na região com o terrorismo global.
O investigador segue, nos últimos anos, a evolução das redes de narcotráfico em África e na América Latina, e afirma que Bissau adquire uma importância crescente nas rotas internacionais da droga.
Douglas Farah mostrou-se céptico sobre a eficácia de um contingente de paz oeste africano na estabilização de um país na situação da Guiné-Bissau, se for essa a solução adoptada para a missão internacional actualmente em análise.
O especialista americano recorda, nomeadamente, o balanço nem sempre positivo das missões de paz realizadas pela ECOMOG em vários conflitos da região nos últimos vinte anos, como na Serra Leoa e Libéria (com a participação de militares da Guiné-Bissau).
“A lição triste a tirar é a de que a maior parte das forças de paz da África Ocidental podem impor alguma ordem no início mas tornaram-se rapidamente corruptas e ficaram com frequência brutais”, nota Douglas Farah.
“As excepções têm acontecido quando estão envolvidas unidades de elite treinados pelos EUA ou outros países, como na Serra Leoa em 2000-2001 quando as tropas com preparação da Nigéria e do Gana tiveram muito êxito”, acrescentou o autor americano.
“No entanto, é um grande risco colocar soldados mal pagos e mal treinados num ambiente permissivo, onde se tem acesso a grandes quantias de dinheiro sujo”, sublinhou ainda Douglas Farah.
A Presidência da Guiné-Bissau está analisar a recepção não de uma força militar mas de uma missão de estabilização, de acordo com as recomendações da comunidade internacional, esclareceu na sexta-feira o porta-voz oficial da presidência guineense.
Segundo Agnelo Regalla, a vinda dessa missão, ainda em análise através de um debate iniciado pelo Presidente Malam Bacai Sanhá, terá como finalidade essencial “o apoio e a credibilização” do processo de reforma no sector de Defesa e Segurança e a “monitoramento ao processo de recrutamento e formação de novos mancebos”.
A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental têm prevista para segunda-feira uma série de reuniões políticas sobre a reforma do sector de defesa e segurança da Guiné-Bissau.
Brasil, Moçambique e Timor-Leste já anunciaram a disponibilidade de enviar militares para a Guiné-Bissau.
Fonte: Notícias Lusófonas
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