Se na Dinamarca os portugueses que ali residem sentiram a necessidade de que língua seja ensinada aos filhos, em França, a procura pelo ensino do português tem aumentado a um ritmo constante, em contraste com outras línguas disponíveis no sistema de ensino, como noticiou recentemente a Agência Lusa.
A maioria dos alunos de português nos vários níveis de ensino é ainda de luso-descendentes: são cerca de 80 por cento, revelou António Oliveira, secretário-geral da Associação para o Desenvolvimento dos Estudos Portugueses, Brasileiros, da África e Ásia Lusófonas (ADEPBA). Mas o inspector geral da Língua Portuguesa em França, Michel Perez, sublinhou que apesar da procura pela aprendizagem do português registar um aumento de cinco por cento ao ano, há uma acentuada quebra nas contratações de professores e mais de 10 por cento de docentes está em situação de vínculo contratual precário. Segundo os números de Michel Perez, o português é estudado em França por mais de 32 mil alunos em 325 escolas secundárias e em 549 escolas elementares.
Em Janeiro deste ano, o Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas apresentava na Comissão de Negócios Estrangeiros e das Comunidades Portuguesas da Assembleia da República, as prioridades para 2010 na área da Emigração. António Braga anunciava uma verba de 33 milhões de euros para o Instituto Camões, o “valor do envelope financeiro que veio do Ministério da Educação” no âmbito da passagem da tutela do Ensino do Português no Estrangeiro (EPE) para o Instituto Camões (IC).
António Braga assumia que o EPE é uma das grandes prioridades para 2010, acrescentava que o ensino podia também beneficiar de parte dos 30 milhões de euros do Fundo da Língua Portuguesa e reafirmava a intenção de alargar a rede do EPE aos Estados Unidos e ao Canadá, a partir do próximo ano lectivo.
Em Maio, numa visita a Espanha, a presidente do IC reafirmava que a introdução do português como língua opcional nos currículos do ensino básico e secundário das várias comunidades autónomas espanholas continua a ser a grande prioridade da estratégia para Espanha. Essa parece ser o grande desejo dos governantes em relação ao ensino da língua no estrangeiro. Recentemente, durante a visita que realizou à Catalunha (Espanha) e a Andorra, o presidente da República fez a língua portuguesa um dos seus principais temas.
Em dois encontro políticos realizados em Andorra, Cavaco Silva sublinhou a dimensão da comunidade portuguesa - representa cerca de um quinto da população andorrana – e insistiu “no problema da língua portuguesa, algo que preocupa a comunidade, algo que preocupa as autoridades portuguesas há muito tempo”. Disse ter pedido que o governo andorrano fizesse “um esforço especial para que fosse encontrada uma solução de forma a não sobrecarregar os filhos dos portugueses com o ensino paralelo”. E revelou que “estão programadas reuniões nesse sentido”, tendo sido “deixada aberta uma porta”, para a integração do ensino do português como língua de opção no sistema curricular de Andorra.
Em entrevista a este jornal, José Manuel da Silva, conselheiro das Comunidades em Andorra defendeu a integração do português no sistema de ensino do Principado. “Temos mais de 600 alunos inscritos a aprender a língua portuguesa, dos 6 aos 17 anos. É um número bastante elevado, mas a verdade é que poderíamos ter muito mais”, lamentou.
Também no Reino Unido, o número de alunos nas aulas de português está a aumentar. Um idioma que continua a ser considerado uma língua comunitária, como disse à Lusa o coordenador do ensino do português. Desde 2002 o número de alunos aumentou mais de 20 por cento, de 2500 para 3115 no início do actual ano lectivo, afirmou José Pascoal. As aulas ministradas maioritariamente em regime extra-curricular e fora dos horários escolares nos estabelecimentos de ensino, são sobretudo frequentadas por crianças que já são falantes da língua. No ensino secundário, onde o português é ensinado como língua estrangeira, cerca de 2200 alunos fizeram os exames em 2009, menos de metade dos de alemão e muito atrás dos números de espanhol ou alemão. José Pascoal defende a necessidade de desenvolver a certificação para o Ensino de Português no Estrangeiro e também uma certificação internacional do sistema educativo português.
Em Março, a língua portuguesa foi tema de debate da Comissão Permanente Língua, Educação e Cultura (CLEC) do Conselho das Comunidades Portuguesas. A Comissão que abordou questões ao ensino, cultura e identidade nas comunidades portuguesas, esteve reunida com a presidente do Instituto Camões, e ouviu daquela responsável a afirmação de que o IC está aberto ao diálogo para discutir as políticas governamentais sobre a língua no âmbito das comunidades portuguesas. O presidente da CLEC sublinhou entretanto que “a presidente do IC ainda não entendeu que o Português é uma língua minoritária nos países de acolhimento. Amadeu Batel defendeu a inclusão do Português no sistema de ensino dos países de acolhimento, por considerar que não é incompatível com o ensino da língua apoiado pelo Governo de Portugal, podendo existir várias modalidades de ensino.
Para Amadeu Batel, se o Governo português não investir na política de ensino da língua portuguesa, “estará a hipotecar o futuro das comunidades portuguesas”.
A.G.P.
Fonte: Mundo Português
Sem comentários:
Enviar um comentário