Esta foi a principal preocupação que a comitiva da UNITA, composta pelo secretário-geral, Abílio Camalata Numa, Adalberto da Costa Júnior e Alcides Sakala, transmitiu hoje, em Lisboa, ao Presidente da Assembleia da República e ao secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação.
À saída da audiência com Jaime Gama, o secretário-geral da UNITA, Abílio Camalata Numa, que foi general das ex-Forças Armadas de Libertação de Angola (FALA), disse que o objectivo da visita a Portugal é "transmitir às autoridades portuguesas e à sociedade civil as preocupações (da UNITA) em relação aos processos democráticos em Angola".
Estes processos em Angola, lamentou, "ficaram desequilibrados com as eleições de 2008, que foram uma fraude, como se provou posteriormente, e gostaríamos de prevenir que essa fraude se voltasse a repetir".
Abílio Camalata Numa lembrou que "Portugal, na sua dimensão atlântica, tem uma importância fundamental para as relações com Angola", pelo que também pode ser "árbitro".
"Um árbitro que pode ajudar a que os angolanos encontrem caminhos de consolidação das suas instituições democráticas, civis e políticas", defendeu.
"Queremos manter a estabilidade que o país tem hoje para que toda a gente se sinta à vontade no desenvolvimento dos seus negócios, entre Estados, e também para que os interesses dos angolanos não sejam ofendidos. Neste momento, Angola reencontrou a estabilidade e a UNITA está aqui para cooperar, mas dentro da transparência das instituições democráticas", frisou o responsável.
Abílio Camalata Numa adiantou que estes foram também os temas abordados na reunião que a comitiva da UNITA manteve hoje de manhã com o secretário de Estado João Gomes Cravinho, no Ministério dos Negócios Estrangeiros.
A delegação da UNITA chegou quinta-feira a Lisboa proveniente de Bruxelas, onde se encontrou com diversos deputados europeus e responsáveis do governo belga.
Na capital belga, Abílio Camalata Numa avisou Portugal que não se deve concentrar apenas nas relações com o MPLA e o actual governo angolano, relegando para segundo plano o relacionamento com a UNITA.
Questionado sobre o assunto, Numa lembrou que "Portugal não é só o Governo" e que a UNITA tem "muitos amigos e as nossas portas abertas" no país.
"Portugal não é só o Governo, Portugal tem várias instituições. Há relações entre Estados, com certeza, e o Governo [português] tem de fazer o seu papel. Nós vamos bater às portas que estiverem abertas para apresentarmos a nossa causa, que fundamentalmente tem a ver com a estabilidade de Angola", disse.
O secretário-geral da UNITA considerou que o “papel de Portugal em Angola não devia ser visto numa dimensão imediatista", porque "Portugal tem uma relação muito mais profunda do que qualquer outro Estado".
É por isso necessário, defendeu, que "Portugal olhe também para o futuro de Angola", salientando que "nesta dimensão há muitos actores, entre eles a UNITA, que vai fazer parte do futuro".
Fonte: Notícias Lusófonas
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