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MIL: Movimento Internacional Lusófono | Nova Águia


Apoiado por muitas das mais relevantes personalidades da nossa sociedade civil, o MIL é um movimento cultural e cívico registado notarialmente no dia quinze de Outubro de 2010, que conta já com mais de uma centena de milhares de adesões de todos os países e regiões do espaço lusófono. Entre os nossos órgãos, eleitos em Assembleia Geral, inclui-se um Conselho Consultivo, constituído por mais de meia centena de pessoas, representando todo o espaço da lusofonia. Defendemos o reforço dos laços entre os países e regiões do espaço lusófono – a todos os níveis: cultural, social, económico e político –, assim procurando cumprir o sonho de Agostinho da Silva: a criação de uma verdadeira comunidade lusófona, numa base de liberdade e fraternidade.
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NOVA ÁGUIA: REVISTA DE CULTURA PARA O SÉCULO XXI

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Desde 2008"a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português".

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"Trata-se, actualmente, de poder começar a fabricar uma comunidade dos países de língua portuguesa"

"Trata-se, actualmente, de poder começar a fabricar uma comunidade dos países de língua portuguesa"

Nenhuma direita se salvará se não for de esquerda no social e no económico; o mesmo para a esquerda, se não for de direita no histórico e no metafísico (in Caderno Três, inédito)

A direita me considera como da esquerda; esta como sendo eu inclinado à direita; o centro me tem por inexistente. Devo estar certo (in Cortina 1, inédito)

Agostinho da Silva

domingo, 21 de março de 2010

A evolução dos limites da Galiza no transcurso da História

O nome da Galiza não se corresponde com o mesmo território segundo a etapa histórica da que estejamos a falar e é por isso pelo que os limites da mesma também não são os mesmos.

O Paradigma galeguista, como contraposição ao Paradigma castelhanista põe sobre a mesa uma narração dos factos no que a Galiza existe como ente protagonista da Idade Média e ainda de outras épocas. Nós tentaremos desvendar aquelas chaves que até agora não levam sido publicitadas porque a Galiza não tinha possibilidade de as expor como sim tem sido possível com a Catalunha e o País Basco dentro do contexto do Reino da Espanha porque nesses países sim há um poder autocentrado que não só permite, mas impulsiona o estudo da própria História como elemento fulcral na (re-)construção nacional, apesar do castelhanismo ideológico que procura deformar a realidade passada dos povos e nações da península Ibérica.




Palestra de José Manuel Barbosa, na Sociedade de Geografia de Lisboa, a 19 de março de 2010

12 comentários:

Renato Epifânio disse...

Sessão que decorreu na Sociedade de Geografia, em Lisboa (19.03.2010). Câmara aprovada para a sessão desta semana...

Rui Martins disse...

pois! já acrescentei a necessária referência!

Casimiro Ceivães disse...

Á conquista da Galáxia e da Gallecia. Bravo!

Klatuu o embuçado disse...

Só exageram um «bocadinho»... Eu tenho outra versão «if»...

Os Suevos derrotam os Godos, espalham-se por toda a Ibéria Ocidental, até às suas fronteiras naturais (quem souber geografia poderá verificar que fica um Reino jeitoso); na primeira tentativa de invasão dos Muçulmanos, derrotam-nos, queimam-lhes os barcos, violam-lhes as mulheres, e fazem churrasco dos seus pequenos cavalos, saborosos como um veado.

Somos, hoje, um Reino de nome Western Schwaben, falamos uma língua do grupo germânico, com contributos do Latim e do Grego, e temos um dos melhores per capita do mundo...

AGIL disse...

Muito boa a "diversão" do klatuu... Poderia completá-la mais um bocadinho?

Klatuu o embuçado disse...

Daria uma bela narrativa de fantasia heróica... :)

Mas o que é facto é que a especificidade do Ocidente peninsular só é marcado - até às invasões árabes; que criam outra especificidade: a dos moçárabes entre Mondego e Tejo) - pelo seu germanismo. Os Suevos são a marca dessa diferença, tanto para o que vem a ser a Galiza como para o que vem a ser Portugal (já antes, os Lusitanos - meio célticos, meio germânicos: terão vindo da Suíça - a marcam). A demais Espanha goda é marcada por uma cultura mais «oriental», ou «euro-asiática»; ao contrário do que é costume pensar-se, a origem escandinava dos Godos é controversa (vide «Getica» de Jordanes, publicada em 551), e muitos especialistas, Mircea Eliade, inclusivé, consideram ser seus antepassados os Geto-Dácios; de qualquer modo, quando se fixam na Península Ibérica são já um povo mestiçado, rácica e culturalmente.

Casimiro Ceivães disse...

O fundamental é o Douro e não o Mondego. Não sei o que se passou na parte hoje espanhola, mas na portuguesa toda a zona ao Sul do Douro (não apenas Coimbra, mas Lamego, que fica só a 15km do Rio, e a zona mais próxima do litoral à volta da Feira e de Arouca eram completamente moçarabizadas nos sécs. X e XI. O Porto (que aliás era insignificante na época), protegido por um rio que não era nada fácil de atravessar, seria o extremo sul de uma região aonde os muçulmanos talvez não se tenham estabelecido senão militarmente (mesmo assim, o Porto recai em domínio cristão em 876 - para comparar, Coimbra só é definitivamente 'cristã' em 1064)

Acho que a grande questão continua a pôr-se nos termos em que a pôs Sanchez-Albornoz (um tremendo historiador Castelhanista): saber se houve, ou não, um despovoamento maciço do vale do Douro e a criação de uma "terra de ninguém" entre a Galiza-Astúrias e zona de dominação muçulmana. Terra de ninguém de onde terão surgido Castela... e Portugal.

Os argumentos a favor e contra esta tese são intensamente debatidos desde há 50 anos e não creio que, pelo menos no que se refere à região portuguesa, sejam concludentes. E foram, claro, aproveitados pelos respectivos nacionalismos, o que para mim é absolutamente irrelevante.

O Galaico disse...

Conclusão, por todos os motivos e mais alguns, Portugal é GALEGO e o Lusitanismo é uma invenção romântica claríssima sem qualquer justificação!

Klatuu o embuçado disse...

Conclusão? Por todos os motivos? Quais motivos, e conclusão do quê?

Ampare o seu slogan em argumentos, talvez possamos ter uam conversa... mas atente nisto, meu caro «Galaico»: Portugal é o que os Portugueses quiseram que fosse, e será o que quiserem que seja - nisto os Galegos não tiveram papel, e duvido que venham a ter.

É que, tirando o Minho e uma pequeníssima parte de Trás-Os- Montes, os povos étnicos que constituem os Portugueses nenhuma relação têm com os antigos Galaicos (ou Calaicos)...

Os Lusitanos estiveram, de facto, ao nível da «epopeia fabulosa»... ao contrário dos civilizacionalmente atrasados Calaicos, que os Romanos colocaram ao nível das bestas selvagens, os Lusitanos entenderam de modo tão sagaz os modos e estratégias militares e políticas dos Romanos... que assombraram Roma com a destruição de Legiões inteiras! - feito que só civilizações competidoras de Roma haviam conseguido.

Casimiro Ceivães disse...

Portugal galego?!

Bem, acho que os Calaicos nem são para aqui chamados, e tenho grandes dúvidas de que até os Suevos o possam ser - sobre os suevos sabemos pouquíssimo.

A Galiza como unidade cultural e social nunca desceu, após a queda do reino visigodo, abaixo do Douro; os condes que governaram o embrião do Condado Portucalense antes de Afonso VI governavam um território que ia do Douro ao Lima, e que para o interior não abrangia nem Trás os Montes nem Lamego e Viseu. Trinta quilómetros a sul do Porto as elites eram moçárabes e muitos dos grandes senhores eram provavelmente árabes propriamente ditos, talvez descendentes de Maomé pelos Omíadas, durante os trezentos anos que antecederam a independência de Portugal, conforme se deduz de vários documentos (conservados no Mosteiro de Lorvão até ao séc XIX); e Coimbra nada teve que ver com a Galiza a não ser no curto período em que a Raimundo da Borgonha, conde na Galiza por seu sogro Afonso VI, a dominou. Para sul de Coimbra, independentemente de o ADN das populações ter mais ou menos "genes lusitanos" (?!), a assimilação foi progressiva - mas assimilação a Portugal-Reino, não já à Galiza.

Quando muito, aliás, a fronteira 'natural', se é que isso existe, passa pelo rio Lima e não pelo Minho - a paisagem é diferente a partir daí, e não por acaso o território do actual distrito de Viana do Castelo pertenceu, até ao século XV, ao Bispado de Tuy e não ao Arcebispado de Braga como seria para nós 'natural': e as fronteiras dos bispados, que vinham já dos tempos pré-muçulmanos, são um indicador precioso sobre o que eram 'regiões' em éocas anteriores ao séc. XII.

Já não tenho paciência para o racismo e para a xenofobia permanentemente implícitos nisto.

Já agora: no século XVII, aproximadamente um terço dos meus antepassados vivia a Norte do Lima, espalhados desde Ponte do Lima até Lugo e Orense; outro terço vivia nas margens do rio Douro, desde a Foz até acima da Régua; o terço restante divide-se pelo Pará, África, Andaluzia, Trás-os-Montes, Leão, Ribatejo e região de Viseu. Pelo menos alguns dos transmontanos eram com grande probabilidade judeus; alguns dos andaluzes eram certamente ciganos; alguns não eram indo-europeus. Isto no séc. XVII, aonde chegam os documentos: em média umas onze ou doze gerações, uma gota de água na História. Mas na décima segunda geração cada um de nós tem quatro mil e noventa e seis antepassados teóricos (geralmente menos, porque há consanguinidade); e o número de antepassados torna-se maior do que o total da população portuguesa à época por volta dos tempos de Aljubarrota; excede os mil milhões no tempo de D. Afonso Henriques; nas gerações que conheceram a dominação romana da Península, cada um de nós tem incontáveis biliões de antepassados - entre os quais estará provavelmente gente de todas as tribos indo-europeias e todas as etnias do Mediterrâneo e suas extensões da África e da Ásia, inextricavelmente miscigenadas, cruzadas, aculturadas e trocadas; como da mesma forma entre eles haverá reis e escravos, e escravos descendentes de reis e reis descendentes de escravos.

É também por isso que a História tem graça, por mais graça que os mitos tenham.

Casimiro Ceivães disse...

Quanto à histórica autonomia galega: sim, houve algum azar. Muito desse azar foi precipitado pelas permanentes e devastadoras agitações feudais dos séc. XIV e XV, com permanentes guerras privadas entre grandes senhores que eram absolutamente impensáveis em Portugal dessa época (houve duas breves guerras civis, de tipo feudal, nos seiscentos anos anteriores às invasões francesas). Mas isso curiosamente - essa diferença fundíssima entre a sociedade portuguesa e a galega - é um dos maiores argumentos a favor da tese 'castelhanista', como lhe chamam, que é a tese, como disse num comentário anterior, assente no despovoamento do vale do Douro a seguir à invasão muçulmana: essa região foi repovoada por gente vinda do Norte galego-asturiano e vinda do sul moçárabe, e, quebrados os laços ancestrais, centrou-se sempre muito em torno dos reis ou de um único senhor, ganhando um sentimento territorial porque não o tinham étnico ou tradicional de obediência: daí a facilidade com que os condes de Castela e os condes de Portugal formaram reinos autónomos; na Galiza, não afectada por esse despovoamento-repovoamento, a sociedade foi muito mais hierárquica-feudal, seguindo muito mais de perto a evolução europeia das regiões que hoje são a França e a Inglaterra. Exactamente por terem sido demasiado feudais, foram depois absorvidas: não ganharam sentimento nacional até que já era tarde demais. Na Galiza, nunca teria podido haver - e nunca houve - uma Aljubarrota.

Klatuu o embuçado disse...

Medieval Galician records show more than 1500 different Germanic names in use for over 70% of the local population. Also, in Galicia and northern Portugal, there are more than 5.000 toponyms (villages and towns) based on personal Germanic names (Mondariz < *villa *Mundarici; Baltar < *villa *Baldarii; Gomesende < *villa *Gumesenþi; Gondomar < *villa *Gunþumari...); and several toponyms not based on personal names, mainly in Galicia (Malburgo, Samos < Samanos "Congregated", near a hundred Saa/Sá < *Sala "house, palace"...); and some lexical influence on the Galician language and Portuguese language, such as:
laverca "lark" < protogermanic *laiwarikō "lark"
brasa "torch; ember" < protogermanic *blasōn "torch"
britar "to break" < protogermanic *breutan "to break"
lobio "vine gallery" < protogermanic *laubjōn "leaves"
ouva "elf" < protogermanic *albaz "elf"
trigar "to urge" < protogermanic *þreunhan "to urge"
maga "guts (of fish)" < protogermanic *magōn "stomach"

P. S. Depois volto - é tarde.