Nem tudo correu como o esperado na quinta reunião do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, que aconteceu ontem e anteontem em Macau. Mas mesmo sem metas traçadas para 2010 no que diz respeito ao volume de trocas comerciais, o novo secretário-geral do fórum acredita que essas trocas possam ser melhoradas num futuro próximo.Chang Hexi, o novo secretário-geral, acredita que para isso muito irá contribuir o Plano de Acção para a Cooperação Económica e Comercial da III Conferência Ministerial do Fórum de Macau.
A quinta reunião ordinária do secretariado permanente do fórum foi concluída ontem, e Hexi acabou mesmo por falar aos jornalistas, depois de os ter deixado pendurados no dia anterior. “Antes de mais, quero pedir desculpas pelo atraso porque a revisão dos documentos levou demasiado tempo. E estamos também muito gratos pela atenção dada pelos media ao fórum”, declarou. Mas o responsável tinha em mãos muito pouco mais a adiantar. Esta foi apenas a primeira reunião preparatória para o encontro ministerial que terá lugar em breve e em que, aí sim, deverá ser alcançado um acordo para o Plano de Acção. “Não chegámos a discutir colectivamente quando é que a reunião ministerial irá decorrer e ainda estamos a trocar ideias sobre o conteúdo do Plano de Acção que será assinado nesse encontro de ministros”, admitiu Chang, explicando que os trabalhos permanecem por enquanto em “fase preparatória”. “Mas mesmo assim, alcançámos um enorme consenso, como termos todos acordado que o encontro ministerial seria importante e que a sua preparação deve ser feita de forma séria.”
Apesar disso, ontem a agência Lusa citava fonte diplomática que adiantava que a Conferência Ministerial do Fórum só deverá realizar-se no segundo semestre do ano, “porque há ainda muitos detalhes a tratar, como a conclusão do plano de ação, e terão de ser acertadas as agendas de cada país”. Chang acrescentou, porém, que, em 2010, continuará a ser ministrada formação ao pessoal dos estados lusófonos em sectores como a agricultura, serviços de saúde e pescas, assim como cursos intensivos promovidos pelo Ministério do Comércio chinês.
Chang sublinhou a participação de Macau neste encontro. “Macau desempenhou um papel muito importante ao longo dos trabalhos do fórum e todos os participantes reconheceram a função de ponte e plataforma demonstrada por Macau. Todos reconhecemos isso e esperamos reforçá-lo”, garantiu, sem explicar exactamente como é que a RAEM pode ajudar ainda mais. “Ainda precisamos trocar algumas opiniões sobre isso com vista ao próximo Plano de Acção.”
De acordo com o relatório dos trabalhos realizados em 2009, o fórum coordenou 110 visitas diplomáticas de altos funcionários entre a China e os países lusófonos ao longo do ano, incluindo várias conferências, como a Cimeira do Clima em Copenhaga. O documento também revelou que o valor transaccionado em trocas bilaterais em 2009 atingiu os 62,5 mil milhões de dólares (491 mil milhões de patacas), o que representa 19 por cento menos do que o valor alcançado em 2008 – 77 mil milhões de dólares (605 mil milhões de patacas).
As importações pela China de produtos dos países lusófonos caiu 17 por cento, enquanto as exportações baixaram 22 por cento. O relatório assinala, no entanto, que essa quebra é inferior à “média internacional” e aponta esperança de que o valor transaccionado volte à senda do crescimento positivo em 2010, embora Chang tenha dito que previsões em números ainda não estão disponíveis. Os investimentos em ambos os sentidos (da China nos países lusófonos e vice-versa) aumentaram em 2009, apesar da recessão global e de uma quebra de 30 por cento no investimento directo internacional. Também aqui, os números exactos não estão disponíveis. No mundo lusófono, o Brasil é o principal parceiro comercial da China. Os dois países integram, de resto, o grupo das quatro grandes potências emergentes conhecido como BRIC, a par da Rússia e da Índia. Essa realidade deixa optimistas os responsáveis de ambos os países quanto ao aumento das trocas bilaterais em 2010, conforme vez questão de sublinhar o embaixador de Brasília em Pequim, Clodoaldo Hugueney. “Queremos aumentar e diversificar as nossas exportações para a China, por exemplo, em sectores como a pecuária, onde somos muito competitivos”, afirmou, entrevistado pela Rádio Macau.
O relatório menciona igualmente que Chang Hexi ouviu exaustivamente os governos e embaixadores da China, países de língua portuguesa e Macau sobre as formas de elevar a cooperação económica mútua, enaltecendo o papel de Macau, nomeadamente na sua função de ponte e nos melhoramentos da estrutura do gabinete regular do fórum.
Fonte: Hoje Macau, 03/02/10
Sem comentários:
Enviar um comentário